17º CONGRESSO BRASILEIRO DE NEUROLOGIA INFANTIL

Dados do Trabalho


Título

MIASTENIA GRAVIS EM LACTENTE APOS INFECÇAO POR SARS- COV-2: RELATO DE CASO

Apresentação do caso

H. A. P., sexo masculino, 8 meses, hígido, iniciou há 1 mês quadro progressivo de sucção débil, hipotonia cervical, irritabilidade, ptose palpebral, sustento cefálico incipiente e diminuição da expressão facial. Exame físico segmentar normal. Paciente possuía sorologia de Covid-19 positiva para IgG e negativa para IgM, com história de sintomas gripais recentes. Iniciado investigação para miastenia e encefalites virais com Ressonância Magnética (RNM) de órbitas e de encéfalo normais; TC de tórax com opacidades em vidro fosco, sem alterações em mediastino. Laboratorialmente, sem sinais de infecção e líquor normal. Realizado Perfil Tandem quantitativo e qualitativo, pesquisa de anticorpo anti-músculo liso (ASMA) e anti-tirosinoquinase músculo específico (anti-MuSk) com resultados normais. Hospital não dispunha de pesquisa de anticorpos antirreceptor de acetilcolina (AChR). Teste do Gelo com aumento da fenda palpebral bilateral. Dessa forma, iniciado imunoglobulina humana por via endovenosa (IgIV) sem melhora dos sintomas. Instituído tratamento com piridostigmina, com remissão significativa da hipotonia. Realizado eletroneuromiografia no terceiro dia de tratamento, com resultado normal. Evoluiu com melhora total dos sintomas e progressão da alimentação para via oral, recebendo alta com a medicação para acompanhamento ambulatorial com neurologista pediátrica.

Discussão

Miastenia gravis (MG), rara na faixa pediátrica, é uma doença autoimune que afeta porção pós sináptica da junção neuromuscular. Classifica-se em neonatal transitória, congênita e juvenil. Quadro clínico caracterizado por fraqueza muscular, ptose palpebral, disfagia e hipotonia cervical, podendo evoluir para crise miastênica com tetraparesia e insuficiência respiratória. O diagnóstico baseia-se na história clínica, pesquisa de anticorpos antirreceptor de acetilcolina, anti-MuSk, eletroneuromiografia e, devido dificuldade diagnóstica na pediatria pela dosagem de anticorpos ser 20-25% negativo, pode ser feito teste terapêutico com anticolinesterásicos. Há relatos de distúrbios neurológicos com mecanismos autoimunes após COVID -19, seja por alterar a autotolerância imunológica ou pela reação cruzada entre epítopos virais e subunidades de AChR.

Comentários finais

A MG por não ser frequente na pediatria torna seu diagnóstico difícil. Assim, estudos precisos sobre os mecanismos fisiopatológicos envolvidos na gênese da MG após infecção por covid-19, condicionam expectativas sobre as abordagens diagnósticas e tratamento de apoio.

Referências (se houver)

ROQUE, M. H. G.; FIGUEIREDO, B. Q. de .; OLIVEIRA, I. P.; SOUSA, M. F. A. R. de .; FREITAS, O. A. de .; BRAGA, V. A. F.; OLIVEIRA, R. C. Approach to juvenile myasthenic crisis: case report. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 12, p. e567101220893, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i12.20893. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/20893. Acesso em: 7 aug. 2022.

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Marques, L. G., et al. (2020). Miastenia gravis juvenil: Dificuldade diagnóstica na pediatria. Residência Pediátrica, 10 (1), 3-10.

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Fonte de Fomento (se houver)

Declaração de conflito de interesses de TODOS os autores

Eu, Lethícia Nogueira Santos, autor responsável pela submissão do manuscrito e todos os coatores, declaramos que não possuímos conflito de interesse de nenhum tipo de ordem.

Área

Doenças neuromusculares

Instituições

Hospital Regional de Mato Grosso do Sul - Mato Grosso do Sul - Brasil

Autores

Lethícia Nogueira Santos, Luísa Oliveira de Moraes, Rafaela Araújo Vieira, Andrea Rizzuto de Oliveira Weinmann