16º CONGRESSO BRASILEIRO DE NEUROLOGIA INFANTIL

Dados do Trabalho


Título

SINDROME DE PITT-HOPKINS DECORRENTE DE DELEÇAO NA REGIAO 18Q21.2

Apresentação do Caso

Paciente, 4 anos, sexo feminino, iniciou aos 9 meses episódios de parada comportamental, apneia e cianose. Aos 12 meses, passou a cursar também com eventos disperceptivos com hipertonia do membro superior direito. Ambos duravam segundos, com controle após introdução de Valproato de Sódio. Apresenta atraso global do desenvolvimento neurológico, estereotipias manuais, hipersensibilidade a sons, prejuízo no contato social, disfagia, hipotireoidismo, constipação e pés valgos. 1ª filha de casal não consanguíneo. Gestação e parto sem intercorrências. Irmão com Linfoma de Burkitt. Exame físico evidencia dismorfismos: macrostomia, lábios grossos, olhos encovados, narinas amplas e orelhas com hélices alargadas. Não interage adequadamente, emite apenas sons guturais. Força preservada. Hipotonia axial com normotonia apendicular. Pouco uso funcional das mãos. Deambula com apoio e base alargada. Eletroencefalograma sem alterações. Ressonância de crânio mostrou atrofia supratentorial e afilamento difuso do corpo caloso. Cariótipo normal. Microarray evidenciou deleção de 3Mb (18q21.2q21.31), que inclui o gene do Fator de transcrição 4 (TCF4), cuja alteração corresponde à Síndrome de Pitt-Hopkins (SPH).

Discussão

O gene TCF4 codifica uma proteína homônima, que atua no neurodesenvolvimento. Alterações nele estão associadas a dismorfismos (fronte estreita, sobrancelhas finas, nariz amplo, macrostomia, lábio superior em arco de cupido, e hélices da orelha espessadas), atraso global do desenvolvimento (sobretudo da linguagem), transtorno do espectro autista, epilepsia e episódios de apneia. Tais informações são particularmente importantes em meninas, pois podem sugerir o diagnóstico da Síndrome de Rett. Essa, por sua vez, possui caráter progressivo, diferentemente da Síndrome de Pitt-Hopkins. Embora a maioria dos pacientes com SPH apresentem variante patogênica no TCF4, 30% tem como etiologia uma deleção na região desse gene (18q21.2).

Comentários Finais

O fenótipo de atraso do desenvolvimento associado a epilepsia envolve um amplo grupo de diagnósticos, de caráter estável ou progressivo. Em meninas, podem ser sinais de alerta para Síndrome de Rett. No entanto, é importante considerar patologias de evolução mais favorável, como a Síndrome de Pitt-Hopkins. Essa, apesar de predominantemente identificada pelo sequenciamento genético, também pode, em uma minoria , ser detectada pelo Microarray. Assim, tal exame deve ser considerado em casos sugestivos, mesmo com sequenciamento normal.

Referências (se houver)

1. PITT, D.; HOPKINS, I. A syndrome of mental retardation, wide mouth and intermittent overbreathing. Journal of Paediatrics and Child Health, v. 14, n. 3, p. 182-184, 1978.
2. ZOLLINO, Marcella et al. Diagnosis and management in Pitt‐Hopkins syndrome: First international consensus statement. Clinical genetics, v. 95, n. 4, p. 462-478, 2019.
3. GOODSPEED, Kimberly et al. Pitt-Hopkins syndrome: a review of current literature, clinical approach, and 23-patient case series. Journal of child neurology, v. 33, n. 3, p. 233-244, 2018.

Fonte de Fomento (se houver)

Declaração de conflito de interesses de TODOS os autores

Não há conflitos de interesse

Área

Neurogenética

Instituições

Universidade Federal de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

Melina Alves da Frota, Ana Clara Garcia Silva, Maísa Vieira da Silva Malta, Denise Mendonça Borges, José Marcos Vieira de Albuquerque Filho, Alulin Tácio Quadros Santos Monteiro Fonseca , Marcelo de Melo Aragão, Ricardo da Silva Pinho