16º CONGRESSO BRASILEIRO DE NEUROLOGIA INFANTIL

Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO - ENCEFALOPATIA ASSOCIADA AO GNAO1

Apresentação do Caso

Feminino, 1 ano e 8 meses, filha de pais não consanguíneos, com antecedente de hipotonia global e atraso do desenvolvimento motor e de linguagem. Aos 3 meses, começou a apresentar episódios de hipertonia de membros, interpretados como crises epilépticas, iniciando-se fenobarbital (PB). Levada ao pronto-socorro com 1 ano e 5 meses devido a piora em contexto infeccioso, observando-se coreoatetose e distonia de membros. Desmamado PB e iniciado Diazepam, com melhora do quadro. Evoluiu com disfagia progressiva, necessitando de gastrostomia com 1 ano e 8 meses. Ressonância de encéfalo, eletroencefalograma e exames laboratoriais sem alterações. Painel genético para Distúrbios do Movimento identificou uma cópia alterada no gene GNAO1, promovendo a substituição do aminoácido glicina pela arginina no códon 42 (p.Gly42Arg).

Discussão

A Encefalopatia associada ao GNAO1 tem herança autossômica dominante e é causada por mutação no gene GNAO1. Cerca de 200 pessoas foram diagnosticadas no mundo até hoje. O gene GNAO1 codifica a subclasse Gαo das proteínas G, que regula a liberação de neurotransmissores importantes para o neurodesenvolvimento e controle do movimento. Mutações que levam a ganho de função para inibição de AMPc estão associadas a distúrbios do movimento, enquanto perda de função associa-se com epilepsia. Pacientes com o Distúrbio do neurodesenvolvimento com movimentos involuntários (OMIM: 615473) podem apresentar combinações variáveis de movimentos involuntários hipercinéticos. Já aqueles com a Encefalopatia epiléptica infantil precoce 17 (OMIM: 615473) costumam apresentar Síndrome de Ohtahara ou Síndrome de West. No entanto, pode haver interseção entre os dois fenótipos no decorrer da evolução. A neuroimagem é normal em 36% dos casos; nos demais pode haver atrofia cerebral, atraso de mielinização e afilamento do corpo caloso. O diagnóstico pode ser confirmado por meio de Sequenciamento de Nova Geração. Não há tratamento específico, devendo ser direcionado para as manifestações clínicas. O prognóstico é ruim, principalmente devido a complicações como pneumonia aspirativa.

Comentários Finais

Um maior reconhecimento dessa condição é fundamental para que mais estudos sejam direcionados à otimização do seu manejo. Além disso, deve ser lembrado como um diagnóstico diferencial importante de quadros potencialmente tratáveis, como a deficiência de AADC.

Referências (se houver)

Fonte de Fomento (se houver)

Declaração de conflito de interesses de TODOS os autores

sem conflitos de interesse

Área

Transtornos do movimento

Instituições

Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

Raquel Diógenes Alencar, Beatriz Borba Casella, Ana Cristina Azevedo Leão, Flora Cruz de Almeida Ximenes, Gabriela Procópio de Moraes Oliveira, Caroline Pereira Borginho, Larissa Ferreira Torres, Eric Oneda Sakai, Clarissa Bueno