Dados do Trabalho
Título
PARAPARESIA ESPASTICA HEREDITARIA POR MUTAÇAO TECPR2 EM PACIENTE PEDIATRICA DE UM HOSPITAL UNIVERSITARIO NO SUL DO BRASIL: RELATO DE CASO
Apresentação do Caso
Feminina, branca, 8 anos, filha única de pais não aparentados e saudáveis. Nascida a termo, de parto vaginal, com 3.080 kg e sem intercorrências. Em acompanhamento neurológico desde 1 ano de idade devido a atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Sem quadros semelhantes na família. Engatinhou com 1 ano, deu os primeiros passos aos 2 anos e 4 meses e deambulou aos 3 anos de idade. Posteriormente, passou a apresentar quedas, necessitando de apoio e cadeira de rodas. Em 2016, compareceu pela primeira vez ao ambulatório de neurologia do Hospital Universitário de Santa Maria, sendo relatada pelos progenitores da criança baixa interação social e ambiental, além de atraso na fala e motor. Ao exame neurológico, presença de hipotonia axial, reflexos hipoativos e alteração cognitiva. Histórico de crises convulsivas, infecções urinárias, pneumonias de repetição e dificuldade para deglutição. Aventado diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista associado a síndrome genética a esclarecer. Na época, realizava consultas periódicas na fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia. Encaminhada para o serviço de genética médica em 2017, com PCR para Prader-Willi normal e investigação para mucopolissacaridose negativa. Eletroencefalograma de 2018 identificou frequentes pontas na região centro-temporal direita e RNM evidenciou anomalias de sinal no parênquima cerebelar e tronco cerebral, tênues hiperdensidades T2/flair em substância branca subcortical de ambos os hemisférios, corpo caloso discretamente afilado e leve ectasia do sistema ventricular. Diagnóstico de Paraparesia Espástica Hereditária (PEH) confirmado em 2021, após identificação em exoma de duas variantes patogênicas, em heterozigose composta, no gene TECPR2: c.1613delC; p.Pro538Hisfs*108 e c1751delG;p.Gly584Glufs*62. Frente ao prognóstico da doença, foi acordado entre equipe clínica e familiares sobre a instituição de cuidados paliativos. Atualmente, paciente em uso de ácido valpróico 54 mg/kg/dia e necessitando de oxigenoterapia e sonda nasogástrica domiciliares.
Discussão
O mecanismo subjacente à mutação TECPR2 envolve a disfunção autofágica, implicada em uma série de doenças neurodegenerativas, como a PEH. Elas representam um desafio na prática clínica devido ao seu diagnóstico diferencial clínico complexo e base genética heterogênea.
Comentários Finais
Os médicos devem estar cientes das características clínicas, genéticas e de neuroimagem das paraparesias espásticas para fornecer avaliação genética e aconselhamento adequados.
Referências (se houver)
Fonte de Fomento (se houver)
Declaração de conflito de interesses de TODOS os autores
Não há conflitos de interesse.
Área
Neurogenética
Instituições
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Heloísa Augusta Castralli, Michele Rechia Fighera, Gabrielle Simon Tronco, Luiza Salatino