16º CONGRESSO BRASILEIRO DE NEUROLOGIA INFANTIL

Dados do Trabalho


Título

EPILEPSIA POR DEPENDENCIA DE PIRIDOXINA: UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Lactente masculino, 1 mês e 16 dias, internado após apresentar quatro episódios de crise convulsiva clônica e tônica, com histórico de crises anteriores. Aos 6 dias de vida, o paciente apresentou sua primeira crise convulsiva, sendo internado por 26 dias em UTI neonatal, com seguimento ambulatorial. No tratamento atual, o paciente estava no desmame de medicações, com redução do clonazepam há uma semana e fenobarbital, no dia anterior a internação. Foram realizadas tomografia computadorizada de crânio, ressonância magnética de encéfalo e análise de líquor cefalorraquidiano, sem alterações. Um dia após sua admissão o paciente apresentou crise convulsiva generalizada com nistagmo, choro, mioclonias, após nova redução do clonazepam (o desmame programado foi mantido para observação intra-hospitalar). Após 2 doses de midazolam observou-se melhora das crises, mas posteriormente, mesmo em uso de fenobarbital, levetiracetam e topiramato, o paciente aumentou progressivamente os episódios. Assim, realizou-se prova terapêutica com piridoxina 100 miligramas de 8/8h, evidenciando melhora da consciência e ausência de novas crises. Devido à boa resposta à Piridoxina, foi iniciada a redução de fenobarbital 3 gotas/dia. O diagnóstico de epilepsia dependente de piridoxina foi confirmado em homozigose no gene ALDH7A1, pela análise do DNA extraído de SWAB bucal.

Discussão

Após levantada suspeita, o diagnóstico pode ser confirmado pela prova terapêutica, ocorrendo uma resposta clínica à administração venosa de piridoxina. Em casos suspeitos sem resposta imediata, a medicação oral deve ser continuada por 1 a 3 semanas, antes da exclusão diagnóstica. O tratamento deve ser iniciado em ambiente de terapia intensiva com suporte ventilatório disponível, monitorização cardiopulmonar e eletroencefalográfica, pois podem ocorrer apneia, hipotonia central e hipotensão. A piridoxina administrada uma dose inicial de 100 mg, podendo ser repetida a cada 5 a 15 minutos, não ultrapassando 500 mg, sob vigilância cuidadosa. Posteriormente é necessária uma suplementação oral de 15 ou 30 mg/kg/dia, dividida em três doses diárias. O tratamento adequado com piridoxina causa a remissão das convulsões, e sua interrupção, o restabelecimento do quadro.

Comentários Finais

Ter em mente tal diagnóstico é de suma importância para a instituição do tratamento adequado e melhor prognóstico de neonatos que apresentam crises convulsivas.

Referências (se houver)

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5. Lin J, Lin K, Masruha MR, Vilanova LCP. Pyridoxine-dependent epilepsy initially responsive to phenobarbital. Arq Neuropsiquiatr. 2007;65(4 A):1026–9.
6. Nelli J. Epilepsy and Anesthesia. DeckerMed Anesthesiol. 2019;61.
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10. Shashikant SS, Richard JH, Noel JL, Mary S, Jerome YY, Koravangattu S. Neonatal seizures: diagnosis and management. Chin J Contemp Pediatr. 2011; 13(2);81-100.
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12. Suvasini S, Asuri NP. Inborn Errors of Metabolism and Epilepsy: Current Understanding, Diagnosis, and Treatment Approaches. Int. J. Mol. Sci. 2017. 18(7), 1384.
13. Renée S. Treatment of neonatal seizures. Up to Date. Wolters Kluwer. 2021.

Fonte de Fomento (se houver)

Declaração de conflito de interesses de TODOS os autores

nenhum

Área

Epilepsias

Instituições

Hospital Municipal de Governador Valadares - Minas Gerais - Brasil, Universidade Vila Velha - Espírito Santo - Brasil

Autores

Larissa Magalhães de Paiva, Luigi Neves Reis, Rinara Grossi de Andrade, Shaira Salvadora Brito , Giulia Antunes Chieppe, Isabela Bernardino Freire