16º CONGRESSO BRASILEIRO DE NEUROLOGIA INFANTIL

Dados do Trabalho


Título

SINDROME DE GUILLAIN-BARRE DURANTE PANDEMIA DE SARS-COV-2 NA INFANCIA. RELATO DE DOIS CASOS E REVISAO DE LITERATURA

Apresentação do Caso

Caso 1: Paciente de 7 anos, sexo masculino, com quadro de tetraparesia flácida aguda ascendente simétrica progressiva. Apresentou cefaleia, febre, disgeusia e tosse 2 meses antes do quadro neurológico. O teste para SARS-CoV-2 IgG foi positivo e outras sorologias virais foram negativas. Foi demonstrada dissociação albuminocitológica do líquido cefalorraquidiano (LCR). O RNA de SARS-Cov-2 não foi testado no LCR. A eletroneurografia (ENMG) revelou polineuropatia sensório-motora periférica desmielinizante nos 4 membros, compatível com a forma desmielinizante da síndrome de Guillain-Barré (SGB). Não foi realizado tratamento com imunoglobulina, porque já estava evoluindo com melhora clínica, com retorno da deambulação sem apoio. Caso 2: Paciente de 7 anos, sexo feminino, sem história de síndrome gripal ou vacinação recente, com quadro de dor radicular e tetraparesia flácida aguda ascendente. Apresentou dissociação albuminocitológica em LCR, com painel viral negativo. Anticorpos antigangliosídeos e RT-PCR para SARS-CoV-2 no LCR não foram realizados. Sorologia para SARS-CoV-2 IgG foi positiva. Não chegou a realizar RT-PCR para SARS-CoV-2 por ter sido admitida 3 semanas após o início do quadro. A ENMG também evidenciou polineuropatia sensório-motora periférica de padrão desmielinizante. Foi tratada com imunoglobulina na dose de 2g/kg por 5 dias, evoluindo com retorno da capacidade de deambular com apoio.

Discussão

Até o momento, diversos casos desta associação foram descritos na população adulta, porém apenas 4 casos em pacientes pediátricos. Foi relatada paresia progressiva ascendente e simétrica em todos os casos. O intervalo entre os sintomas respiratórios da COVID-19 e quadro neurológico variou de uma a três semanas, exceto por um dos casos em que não houve antecedente de síndrome gripal. Dos três casos com estudo eletrofisiológico, dois apresentavam forma desmielinizante e outro axonal. Foi realizada testagem de RT-PCR para SARS-CoV-2 de LCR em 3 casos, todos negativos. Três mecanismos foram propostos para justificar GBS associado ao COVID-19: um mecanismo neuroinvasivo, um parainfeccioso e um pós-infeccioso desencadeado pela resposta imune.

Comentários Finais

No contexto da pandemia de COVID-19, uma criança com SGB deve ser considerada e testada para SARS-CoV-2, principalmente porque os sintomas de COVID-19 em crianças podem não ser graves ou até mesmo ausentes, e muitos casos podem ser subnotificados.

Referências (se houver)

Fonte de Fomento (se houver)

Declaração de conflito de interesses de TODOS os autores

Sem conflito de interesse

Área

Manifestações neurológicas das doenças sistêmicas

Instituições

HC FMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

Ellen Mourão Soares Lopes, Amanda Cristina Ramos da Silva Nogueira, Camila Lupepsa Latyki, Vanessa Dantas Ribeiro de Vasconcelos, Maria Carolina Toschi Ghrayeb, José Albino da Paz