Dados do Trabalho
Título
SINDROME DE GUILLAIN-BARRE DURANTE PANDEMIA DE SARS-COV-2 NA INFANCIA. RELATO DE DOIS CASOS E REVISAO DE LITERATURA
Apresentação do Caso
Caso 1: Paciente de 7 anos, sexo masculino, com quadro de tetraparesia flácida aguda ascendente simétrica progressiva. Apresentou cefaleia, febre, disgeusia e tosse 2 meses antes do quadro neurológico. O teste para SARS-CoV-2 IgG foi positivo e outras sorologias virais foram negativas. Foi demonstrada dissociação albuminocitológica do líquido cefalorraquidiano (LCR). O RNA de SARS-Cov-2 não foi testado no LCR. A eletroneurografia (ENMG) revelou polineuropatia sensório-motora periférica desmielinizante nos 4 membros, compatível com a forma desmielinizante da síndrome de Guillain-Barré (SGB). Não foi realizado tratamento com imunoglobulina, porque já estava evoluindo com melhora clínica, com retorno da deambulação sem apoio. Caso 2: Paciente de 7 anos, sexo feminino, sem história de síndrome gripal ou vacinação recente, com quadro de dor radicular e tetraparesia flácida aguda ascendente. Apresentou dissociação albuminocitológica em LCR, com painel viral negativo. Anticorpos antigangliosídeos e RT-PCR para SARS-CoV-2 no LCR não foram realizados. Sorologia para SARS-CoV-2 IgG foi positiva. Não chegou a realizar RT-PCR para SARS-CoV-2 por ter sido admitida 3 semanas após o início do quadro. A ENMG também evidenciou polineuropatia sensório-motora periférica de padrão desmielinizante. Foi tratada com imunoglobulina na dose de 2g/kg por 5 dias, evoluindo com retorno da capacidade de deambular com apoio.
Discussão
Até o momento, diversos casos desta associação foram descritos na população adulta, porém apenas 4 casos em pacientes pediátricos. Foi relatada paresia progressiva ascendente e simétrica em todos os casos. O intervalo entre os sintomas respiratórios da COVID-19 e quadro neurológico variou de uma a três semanas, exceto por um dos casos em que não houve antecedente de síndrome gripal. Dos três casos com estudo eletrofisiológico, dois apresentavam forma desmielinizante e outro axonal. Foi realizada testagem de RT-PCR para SARS-CoV-2 de LCR em 3 casos, todos negativos. Três mecanismos foram propostos para justificar GBS associado ao COVID-19: um mecanismo neuroinvasivo, um parainfeccioso e um pós-infeccioso desencadeado pela resposta imune.
Comentários Finais
No contexto da pandemia de COVID-19, uma criança com SGB deve ser considerada e testada para SARS-CoV-2, principalmente porque os sintomas de COVID-19 em crianças podem não ser graves ou até mesmo ausentes, e muitos casos podem ser subnotificados.
Declaração de conflito de interesses de TODOS os autores
Sem conflito de interesse
Área
Manifestações neurológicas das doenças sistêmicas
Instituições
HC FMUSP - São Paulo - Brasil
Autores
Ellen Mourão Soares Lopes, Amanda Cristina Ramos da Silva Nogueira, Camila Lupepsa Latyki, Vanessa Dantas Ribeiro de Vasconcelos, Maria Carolina Toschi Ghrayeb, José Albino da Paz