16º CONGRESSO BRASILEIRO DE NEUROLOGIA INFANTIL

Dados do Trabalho


Título

RELATO DE UM CASO DE PROVAVEL SINDROME MIASTENICA CONGENITA ASSOCIADA A DEFICIENCIA DO RECEPTOR DE ACETILCOLINA 4C: QUADRO CLINICO COMPATIVEL E ANALISE MOLECULAR SUGESTIVA

Apresentação do Caso

Lactente de 10 meses, sexo feminino, filha de pais não consanguíneos e hígidos, sem antecedentes comórbidos e desenvolvimento neuropsicomotor adequado até o momento. Iniciou quadro de rouquidão, seguido por ptose palpebral unilateral, que evoluiu para bilateral e flutuante, além de estrabismo convergente, sem outras alterações. Iniciado uso de corticoterapia, sem resposta. Foi feita ressonância de encéfalo, sem anormalidades; e enquanto aguardava resultado de anticorpo anti-acetilcolina (Anti-AChR), foi iniciada prova terapêutica com piridostigmina, com alguma resposta à dose inicial, porém apresentou efeitos gastrointestinais, sendo a mesma reduzida. Após um tempo, a resposta ao anticolinesterásico permaneceu estacionária, mesmo após aumento da dose. Então, diante de um Anti-AChR negativo (não havia disponível Anti-Musk), foi feito teste terapêutico com salbutamol, e questionado diagnóstico de formas de síndromes miastênicas congênitas não responsivas a anticolinesterásicos. Sendo assim, foi solicitado painel multigênico, o qual identificou duas variantes em heterozigose no gene CHRNE, uma patogênica e outra de significado incerto. Após este exame, foi ajustada dose de piridostigmina, e a paciente mantém sintomas leves.

Discussão

As síndromes miastênicas congênitas são um grupo heterogêneo de doenças da junção neuromuscular causadas por alterações nos genes codificantes de componentes pré-sinápticos, sinápticos ou pós-sinápticos. Não há envolvimento do sistema imune; são herdadas de forma recessiva ou dominante, e o início dos sintomas, é, mais comumente, ao nascimento ou infância precoce. As principais características clínicas incluem fraqueza fatigável de músculos esqueléticos, afetando musculatura ocular, bulbar, de membros e respiratória, em diferentes padrões e graus. As mutações no gene da subunidade epsilon do receptor nicotínico da acetilcolina (CHRNE) são as causas mais comuns.

Comentários Finais

As síndromes miastênicas congênitas são raras, e importante diagnóstico diferencial com Miastenia Gravis e outros distúrbios neuromusculares, o que evidencia a importância do diagnóstico genético, ao qual temos, cada vez mais, acesso. Sua identificação é muito importante, pois a terapia ideal depende de um diagnóstico genético preciso e do reconhecimento clínico oportuno da doença. No caso em questão, diante da incerteza diagnóstica, foram feitas tentativas de tratamento, e devido a um efeito adverso ao que seria o principal tratamento, o mesmo levou tempo para ser otimizado.

Referências (se houver)

1) Iyadurai SJP. Congenital Myasthenic Syndromes. Neurol Clin. 2020 Aug;38(3):541-552. doi: 10.1016/j.ncl.2020.03.004. PMID: 32703467.
2) Huang K, Luo YB, Bi FF, Yang H. Pharmacological Strategy for Congenital Myasthenic Syndrome with CHRNE Mutations: A Meta-Analysis of Case Reports. Curr Neuropharmacol. 2021;19(5):718-729. doi: 10.2174/1570159X18666200729092332. PMID: 32727330.
3) Abicht A, Müller JS, Lochmüller H. Congenital Myasthenic Syndromes. 2003 May 9 [Updated 2016 Jul 14]. In: Adam MP, Ardinger HH, Pagon RA, et al., editors. GeneReviews® [Internet]. Seattle (WA): University of Washington, Seattle; 1993-2021. Bookshelf URL: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books

Fonte de Fomento (se houver)

Declaração de conflito de interesses de TODOS os autores

Não há

Área

Doenças neuromusculares

Instituições

HOSPITAL INFANTIL JOÃO PAULO II - Minas Gerais - Brasil

Autores

SANNY KEMELLY MIQUELANTE YOSHIDA, ANDRE VINICIUS SOARES BARBOSA, NATHALIA JAMILLE MOREIRA NASCIMENTO DAVID, JOYCE CARVALHO MARTINS, BRUNA RIBEIRO TORRES, ANA CRISTINA NASCIMENTO DIAS CARNEIRO, RENAN GUIMARÃES SANTANA, EISLER CRISTIANE CARVALHO VIEGAS, KARINA SOARES LOUTFI