16º CONGRESSO BRASILEIRO DE NEUROLOGIA INFANTIL

Dados do Trabalho


Título

DEFICIENCIA DE SERINA – UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Paciente feminina, 5 anos, nascida de 37 semanas e 6 dias, peso: 2250 gramas, comprimento: 42,5 cm e perímetro cefálico: 30,5 cm (percentil <3). Aos 9 meses, notava-se hipotonia global, atraso do DNPM e catarata congênita. Aos 2 anos foi diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista e aos 3 anos, apresentou piora progressiva da marcha. Ao exame neurológico, síndrome piramidal nos quatro membros e marcha espástica. Também apresentava crises epilépticas focais refratárias ao tratamento com fármaco anti-crise (carbamazepina e levetiracetam). A RM crânio mostrou sinais de redução volumétrica do encéfalo. A triagem metabólica, perfil de aminoácidos e ácidos orgânicos, erros inatos do metabolismo foram normais. Aos 5 anos, realizado painel de epilepsia que identificou 2 variantes potencialmente relevantes em heterozigose e em trans (uma herdada do pai e uma outra herdada da mãe) no gene PHGDH, associado a deficiência de 3-fosfoglicerato desidrogenase e Síndrome de Neu-Laxova, ambas de herança autossômica recessiva. Assim, feito o diagnóstico definitivo e iniciado tratamento com L-serina via oral, com bom controle de crises epilépticas e melhora da marcha.

Discussão

Os distúrbios da síntese de serina são defeitos raros na biossíntese do aminoácido não essencial L-serina, envolvendo 3 genes, o PHGDH, sendo o mais frequente, a 3-fosfoserina fosfatase e a deficiência de fosfoserina aminotransferase. Existe um amplo espectro fenotípico da doença, podendo se apresentar como a síndrome de Neu-Laxova, uma doença de anomalia congênita múltipla letal, forma intermediária, representada por defeitos de biossíntese de serina infantil com manifestações neurológicas graves e deficiência de crescimento e, doença da infância com deficiência intelectual. A neuroimagem pode mostrar atrofia cerebral com ventrículos dilatados e hipomielinização. As concentrações de serina no plasma e no LCR podem orientar o diagnóstico. A confirmação é feita por ensaios enzimáticos em cultura de fibroblastos ou por análise mutacional dos genes relevantes. Esses distúrbios são potencialmente tratáveis apenas com L-serina oral ou combinada com glicina. No caso em questão houve controle das crises epilépticas e melhora significativa da marcha espástica.

Comentários Finais

Por ser uma causa tratável, o diagnóstico de deficiência de serina deve ser sempre considerado em pacientes com catarata congênita, microcefalia, epilepsia e hipertonia progressiva, pois o tratamento precoce está relacionado a melhor prognóstico.

Referências (se houver)

Fonte de Fomento (se houver)

Declaração de conflito de interesses de TODOS os autores

Não há conflito de interesse para nenhum autor

Área

Outros

Instituições

Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - São Paulo - Brasil

Autores

Francine Eloisa Eamanach, Ana Flávia Varella Silva, Milena Garcia, Laura Gomes Valli, Paula Thaís Bandeira Elias, Maria Luiza Benevides, Katia Ribeiro Silva Schumtzler, Maria Augusta Montenegro, Karine Couto Sarmento Teixeira