Dados do Trabalho
Título
HIPOTONIA, ATRASO DO DESENVOLVIMENTO E DISMORFISMOS ASSOCIADOS AO ACOX1
Apresentação do Caso
Paciente com 10 meses, feminino, filha de casal consanguíneo. Encaminhada ao neurologista devido à hipotonia e epilepsia. Suas crises se iniciaram após um mês de vida, com vários episódios, descritos como tremores em membros superiores e inferiores, unilateral, associada a piscar de olhos, de curta duração, sendo iniciado fenobarbital. Aos 3 meses de idade apresentou crise tônico-clônica bilateral de duração maior que 20 minutos, sendo necessário internamento em UTI. Após melhora, continuou internada para investigação do quadro, feito teste molecular para Amiotrofia Espinal e doença de Pompe, ambos negativos. Realizou tomografia de crânio e ressonância com afilamento difuso do corpo caloso e megacisterna magna. No ambulatório de neurogenética, ao revisar ressonância de crânio foi evidenciando leucoencefalopatia, feita então, hipótese diagnóstica de peroxissomopatia e solicitado sequenciamento de nova geração. Aos 5 meses de vida realizou sequenciamento completo do exoma que identificou variante em homozigose no gene ACOX1 levando ao diagnóstico de deficiência de acetil-CoA oxidase peroxissomal.
Discussão
A deficiência de acil-CoA oxidase peroxissomal associada ao ACOX1 (OMIM 609751) é uma doença peroxissomal rara autossômica recessiva, de caráter progressivo, que pode incluir hipotonia, epilepsia, atraso no desenvolvimento psicomotor e regressão neurológica, dismorfismos, atrofia óptica, hepatoesplenomegalia, deficiência auditiva neurossensorial, neuropatia, leucodistrofia, dentre outras. Os diagnósticos diferenciais incluem outras causas de hipotonia neonatal e as outras doenças peroxissomais devem ser descartadas. O diagnóstico é confirmado pela presença de mutações no gene ACOX1. Mas também pode ser feita dosagem dos ácidos graxos de cadeia longa, que vem aumentados, e biópsia com atividade da acil-CoA oxidase reduzida na cultura de fibroblastos. A neuroimagem mostra sinais de leucoencefalopatia. No caso relatado optamos pelo exoma após hipótese diagnóstica de peroxissomopatias feita pela clínica de epilepsia, hipotonia neonatal importante e neuroimagem com leucoencefalopatia.
Comentários Finais
A correlação entre a clínica, apresentada pela paciente e o teste molecular foi de fundamental importância para o diagnóstico etiológico, e desse modo, possibilitar o aconselhamento genético e tratamento de suporte da paciente.
Declaração de conflito de interesses de TODOS os autores
Não houve conflito de interesses
Área
Erros inatos do Metabolismo
Instituições
Centro Universitário Inta - UNINTA - Ceará - Brasil, Hospital Infantil Albert Sabin - Ceará - Brasil
Autores
Ana Beatriz Gomes Santiago, Tamiris Carneiro Mariano, Erlane Marques Ribeiro, André Luiz Santos Pessoa