16º CONGRESSO BRASILEIRO DE NEUROLOGIA INFANTIL

Dados do Trabalho


Título

MIELITE FLACIDA AGUDA PELO VIRUS EPSTEIN BARR: UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Paciente de 4 anos, iniciou em junho de 2019 quadro de hipoatividade, prostração e febre, com diagnóstico inicial de otite e prescrição de antibióticos. Após 24 horas, apresentou piora, com dificuldade em levantar a cabeça do travesseiro. No dia seguinte, fraqueza nas pernas e incontinência urinária, sendo internado para investigação. Evoluiu com dor e piora da fraqueza em membros inferiores e, após 24 horas, com discreta fraqueza em membros superiores e desconforto respiratório, com necessidade de suporte ventilatório. Ao exame, apresentava hipotonia global (apendicular > axial), força muscular grau IV em MMSS e 0 em MMII, reflexos hipoativos em MMSS e ausentes em MMII, RCP sem resposta bilateral, sensibilidade de difícil avaliação, aparente nível sensitivo em T10. RNM de neuroeixo mostrou extensa área de alteração de sinal central na medula, do bulbo ao cone medular, associada a espessamento de medula, principalmente na região cervical, e captação de contraste leptomeníngeo. Iniciado tratamento com metilprednisolona e imunoglobulina sem melhora, seguida plasmaférese, com melhora importante. Recuperação motora completa 4 meses após início do quadro. Pesquisa de vírus Epstein barr (EBV) positiva no líquor.

Discussão

A mielite flácida aguda (MFA) é uma síndrome definida por déficit motor com paresia flácida, de início agudo, associada a lesão da medula espinhal amplamente restrita à substância cinzenta e abrangendo um ou mais segmentos vertebrais. Seu quadro clínico é caracterizado por fraqueza muscular, frequentemente assimétrica, mais evidente em membros superiores, podendo ser apresentar como mono a tetraplegia, com reflexos diminuídos ou ausentes. Geralmente, há relato de uma doença prodrômica (IVAS) cerca de 5 dias antes. Diafragma e músculos bulbares podem ser afetados. A maioria dos casos está associada a infecção pelo enterovírus D68, com alguns relatos de associação com a infecção pelo EBV. O diagnóstico diferencial inclui as síndromes de paralisias flácidas agudas; mielite transversa, ADEM, compressão medular, mielopatia isquêmica e síndrome de Guillain-Barré. Há relato de tratamento com medicação antiviral, corticoterapia, imunoglobulina e plasmaférese.

Comentários Finais

As MFA são poucos descritas e tem um início de difícil diferenciação com a SGB. Acometimento esfincteriano e presença de nível sensitivo são alterações sugestivas de acometimento medular.

Referências (se houver)

Fonte de Fomento (se houver)

Declaração de conflito de interesses de TODOS os autores

Não há conflitos de interesse

Área

Neuroimunologia, esclerose múltipla e outras doenças desmielinizantes

Instituições

Hospital da Criança de Brasília - Distrito Federal - Brasil

Autores

Ana Lidia de Melo Alcântara Silva, Ada Maria Farias Sousa Borges, Manuela de Oliveira Fragomeni