16º CONGRESSO BRASILEIRO DE NEUROLOGIA INFANTIL

Dados do Trabalho


Título

DOENÇA DE NIEMANN-PICK TIPO C: RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

E.C.A., 19 anos, natural e procedente de Uberaba, com histórico de hipotonia e atraso do desenvolvimento neuropsicomotor durante a primeira infância (sentou sem apoio aos oito meses, deambulação e fala aos vinte meses) e esplenomegalia. Aos seis anos iniciou com crises epilépticas tônico-clônicas generalizadas, ausência-like e focais motoras de lobo frontal, tendo sido iniciado valproato de sódio. Aos sete anos passou a apresentar episódios de cataplexia gelástica. Diagnóstico de Doença de Niemann-Pick tipo C (NP-C) realizado aos sete anos, tendo sido iniciado reposição enzimática com miglustate. Apresentou uma inicial melhora geral das crises e do quadro motor, porém com persistência dos episódios de cataplexia. Após três anos houve regressão completa da cataplexia gelástica. Permaneceu clinicamente estável até os catorze anos, tendo então cessado o uso de miglustate e permanecido sem o mesmo até os dezenove anos. Durante o período houve piora global vultosa, com cognição, contactuação e motricidade gravemente afetadas e altíssimo grau de dependência.

Discussão

: A NP-C caracteriza-se por sintomas e sinais neurológicos, viscerais e psiquiátricos. A mutação dos genes NPC do cromossomo 18, em homozigose, leva ao acúmulo lisossomal de colesterol e outros lipídios, levando à neurodegeneração progressiva. Os pacientes, em geral, apresentam paralisia supranuclear do olhar vertical, alteração comportamental, cataplexia gelástica (16-20%), hepato e/ou esplenomegalia, ataxia, deterioração cognitiva, epilepsia (50%). O curso clínico e evolução são altamente variáveis, de formas leves a graves com início em qualquer idade. A descrição de mais de 250 mutações patológicas descritas pode justificar a alta variabilidade clínica da doença.

Comentários Finais

Apesar do curso altamente variável, a NP-C tipicamente apresenta prognóstico ruim, com neurodegeneração progressiva, sendo que a maioria dos pacientes padecem na segunda década de vida. O miglustate, um inibidor enzimático reversível da primeira etapa da síntese de glicoesfingolipídeos foi aprovado para inibir a progressão da doença. A estabilização clínica pode ser vista em até 72% dos pacientes, com redução significativa da progressão da neurodegeneração. O presente caso demonstra a inibição da progressão de doença ao uso do miglustate com progressão acentuada e bastante acelerada durante o período em que ficou sem a medicação.

Referências (se houver)

Fonte de Fomento (se houver)

Declaração de conflito de interesses de TODOS os autores

NENHUMA

Área

Epilepsias

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO - Minas Gerais - Brasil

Autores

RENATA CRISTINA FRANZON BONATTI, LUIS MARCOS FERREIRA JUNIOR, LEANDRO CARVALHO ARANTES, GUILHERME HENRIQUE OLIVEIRA SILVA, ALEX EDUARDO SILVA, ALFREDO LEBOREIRO FERNANDEZ, RAQUEL ALVES MARTINS MARTINS SOARES, LUIZA BARBOSA OLIVEIRA, CHRISTIANNA ELLER SILVA SOUSA