XVI Encontro de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Conesul e Cela 2024 (Sociedade Latino-Americana de Cirurgiões Endovasculares)

Dados do Trabalho


Título

TRATAMENTO ENDOVASCULAR DO PSEUDOANEURISMA DE ARTERIA SUBCLAVIA POS-TRAUMATICO: RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

MSS, masculino, 15 anos. Paciente ao HCR (HPS-Zona Norte de Porto Alegre), vítima de projétil de arma de fogo com ferimento de entrada na região infraclavicular esquerda, sem orifício de saída, com projétil alojado na região subcutânea supra-escapular esquerda. Os sinais vitais na admissão incluíam PA: 130/70 mmHg, FC: 88 bpm e FR: 16 mvpm. Ausculta pulmonar sem diminuição do murmúrio vesicular. Os pulsos dos membros superiores estavam cheios e simétricos. Não havia sinais clínicos de hematoma pulsátil ou em expansão local e sem sangramento externo ativo. Avaliação neurológica demonstrava lesão parcial de plexo braquial (com dificuldade à abdução do braço acima de 90 graus e da flexão do 3°, 4° e 5° quirodáctilos).

Como procedimento terapêutico realizou-se punção femoral esquerda (Introductor 9F) e a cateterização seletiva da artéria subclávia esquerda. Além disso, utilizou-se fio-guia hidrodílico Standart 0.035” e pigtail centimetrado e, por fim, stent recoberto auto-expansível 8x50 mm Viabahn. Após o procedimento, verificou-se uma pós dilatação com balão 7x20 mm. A evolução do paciente constatou pulsos cheios no MSE, sem complicações no local da punção, recebendo alta no 2° PO.

Discussão

O manejo das lesões vasculares da região cervicotorácica representa um desafio para o cirurgião do trauma. Os pacientes com sinais clínicos evidentes de lesão vascular com isquemia aguda de membro e/ou instabilidade hemodinâmica são, via de regra, submetidos à imediata exploração cirúrgica. Em pacientes hemodinamicamente estáveis e com achados clínicos inespecíficos, a localização anatômica e a extensão do hematoma são extremamente úteis para o diagnóstico, principalmente, das lesões do segmento subclávio-axilar. A terapia endovascular é uma possibilidade de tratamento com menor morbidade nesses pacientes.

Conclusão

A terapêutica endovascular aplicada ao trauma recente da região cérvico-torácica apresenta-se como uma situação pouco descrita em nosso meio, principalmente pela falta de investimento e de recursos tecnológicos de imagem nos hospitais de pronto-socorro. Entretanto, demonstra nítida eficácia, principalmente em pacientes hemodinamicamente estáveis, pois tais procedimentos reduzem o desconforto do paciente, a perda sanguínea, a morbidade e o tempo de intervenções cirúrgicas, além do tempo de internação e dos custos hospitalares.

Referências

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Área

Geral

Autores

Julia Nienkotter De Vincenzi, Camily Schvetcher, Vitória Carolina Rodrigues Coelho, Adamastor Humberto Pereira