XVI Encontro de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Conesul e Cela 2024 (Sociedade Latino-Americana de Cirurgiões Endovasculares)

Dados do Trabalho


Título

Relato de caso: Isquemia mesentérica(IM) com tratamento endovascular em abdome agudo pós infarto agudo do miocárdio

Apresentação do Caso

N.M.S, 76 anos, feminino, branca, costureira, diabética, hipertensa e com insuficiência cardíaca congestiva. Deu entrada no Hospital Santa Cruz com quadro clínico de infarto agudo do miocárdio (IAM) e foi submetida a angioplastia coronariana. Após 2 dias, iniciou com dor abdominal e sinais de irritação peritoneal na fossa ilíaca direita, ruídos hidroaéreos inaudíveis, constipação, distensão abdominal e vômitos fecalóides. Sendo assim, realizou-se uma tomografia computadorizada (TC) de abdome que revelou: infiltrado da gordura mesentérica acompanhada de espessamento parietal das alças intestinais e pneumatose em alças de íleo distal, sugerindo processo isquêmico. Além de acentuada ateromatose na artéria mesentérica superior (AMS), notando-se estenose de > 70% na sua origem. Foi indicado o tratamento cirúrgico e realizada laparotomia exploradora, identificando-se necrose de cerca de 30cm em íleo distal, área de hipovascularização de cerca de 80cm do íleo proximal, do ceco e do cólon ascendente. Assim, foi realizada enterectomia parcial de cerca de 2/3 distais do íleo e colectomia direita pela técnica de Hartmann com exteriorização do íleo proximal. No transoperatório, foi realizado procedimento concomitante de revascularização da AMS proximal através de acesso retrógrado, sendo realizada angioplastia com colocação de stent. No pós operatório (PO) permaneceu na UTI por 3 dias, com melhora da dor abdominal, ileostomia funcionante e com mucosa corada. Evoluiu com quadro de diarréia, perda da função renal e queda da albumina. No 12° dia de PO, foi identificada infecção da ferida operatória sendo realizada drenagem cirúrgica. Seguiu com recuperação da função renal e do quadro de diarréia, tendo alta hospitalar no 44° dia PO.

Discussão

A IM é a causa mais prevalente de dor abdominal aguda em idosos (KÄRKKÄINEN et al., 2015) e com uma mortalidade >80%, quando a revascularização não é realizada. (KÄRKKÄINEN, 2021)Contudo, nessa paciente foi realizada uma cirurgia híbrida de laparotomia exploradora e de revascularização endovascular da AMS, combinação que têm colaborado para melhores resultados, de acordo com estudo de Acosta(ACOSTA; KÄRKKÄINEN, 2019).

Conclusão

A IM aguda após IAM em uma paciente idosa traz dificuldades no diagnóstico e tratamento. Apesar disso, a combinação de intervenção endovascular com cirurgia exploratória levou a uma recuperação positiva, evidenciando a relevância dessa conduta cirúrgica.

Referências

ACOSTA, S.; KÄRKKÄINEN, J. Open abdomen in acute mesenteric ischemia. Anaesthesiology Intensive Therapy, v. 51, n. 2, p. 159–162, 2019.
KÄRKKÄINEN, J. M. et al. Acute Mesenteric Ischemia Is a More Common Cause than Expected of Acute Abdomen in the Elderly. Journal of Gastrointestinal Surgery, v. 19, n. 8, p. 1407–1414, ago. 2015.
KÄRKKÄINEN, J. M. Acute Mesenteric Ischemia: A Challenge for the Acute Care Surgeon. Scandinavian Journal of Surgery, v. 110, n. 2, p. 150–158, 19 jun. 2021.

Área

Geral

Autores

Riana Kraether Tornquist, Luciana Bellan Mannrich, Isabella Dumcke de Santaella, Juliana Maria Chaves, Fábio André Tornquist, Vanius Gaudenzi