Dados do Trabalho

Título

TROMBOSE EM SEIO CAVERNOSO E EM VEIA OFTALMICA SUPERIOR DIREITOS EM PACIENTE COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL PREVIO: UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Paciente masculino, 69 anos, com Acidente Vascular Cerebral (AVC) há 4 anos, Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial. Nega alergias, tabagismo ou etilismo. Admitido em emergência por cefaleia persistente, eritema e edema periorbital à direita (D), associados a cetoacidose diabética. O diagnóstico inicial foi de sinusopatia fúngica. Após internação, evolui com perda súbita de visão em olho D. Tomografia computadorizada (TC) de crânio e órbitas sem contraste indicou inflamação nos seios paranasais, iniciado antibioticoterapia. Novo quadro de perda de visão levou a TC com contraste, revelando falha de enchimento na veia oftálmica superior D e seio cavernoso (SC) D, indicando trombose, bem como velamento de seio esfenoidal direito e de células do trabeculado etmoidais. No exame neurológico, paralisia da musculatura extraocular, reflexos fotomotores ausentes e suspeita de polineuropatia axonal diabética. A terapia foi iniciada com o uso de anticoagulantes após avaliação otorrinolaringológica.

Discussão

A trombose na drenagem venosa cerebral é uma condição que pode afetar veias e seios durais, cuja apresentação é incomum e cujo diagnóstico em geral ocorre entre 30-40 anos. Este relato descreve um caso de trombose em SC e veia oftálmica superior D em paciente com AVC prévio. A trombose em veias cerebrais pode resultar em: a) infarto venoso e b) em edema cerebral citotóxico, cuja origem é isquêmica, e/ou edema cerebral vasogênico, cuja origem advém da disrupção da barreira hematoencefálica. Já a trombose em seios durais pode culminar em hipertensão craniana, por déficits na absorção do líquor. Tais eventos oclusivos na drenagem venosa cerebral, em geral, relacionam-se a fatores de risco, como trombofilias hereditárias e infecções. A etiologia infecciosa é frequente no caso do SC, descrito na literatura comumente relacionado a infecções ipsilaterais nos seios paranasais etmoidais e esfenoidais, bem como na órbita ocular e na face. Dentre as manifestações mais descritas na obstrução associada à etiologia infecciosa do SC, destacam-se: cefaleia, febre, edema periorbital, exoftalmia, quemose conjuntival e paralisia oculomotora, considerada a adjacência ao III, IV e VI nervos cranianos, mas é pouco relatada sua associação com AVC.

Conclusão

Em razão de tal evento trombótico ser incomum como complicação de infecções de face em pacientes com AVC prévio, os exames de neuroimagem são relevantes para o diagnóstico e identificação de sinais associados.

Referências

Dlamini N, Billinghurst L, Kirkham FJ. Cerebral venous sinus (sinovenous) thrombosis in children. Neurosurg Clin N Am. 2010; 21(3):511-27.

Ferro JM, Canhão P. Cerebral venous thrombosis: etiology, clinical features and diagnosis[Internet]. May 2023[citado em 15 jan 2024]. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/cerebral-venous-thrombosis-etiology-clinical-features-and-diagnosis/print?search=trombose

Stam J. Thrombosis of the cerebral veins and sinuses. N Engl J Med. 2005; 352: 1791-98.