XVI Encontro de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Conesul e Cela 2024 (Sociedade Latino-Americana de Cirurgiões Endovasculares)

Dados do Trabalho


Título

TRATAMENTO CONSERVADOR PARA INFECÇÃO DE ENDOPRÓTESE COM FISTULA AORTOENTÉRICA: RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Paciente do sexo feminino, 66 anos, ex-tabagista, com DPOC, hipertensão pulmonar, aneurisma de aorta abdominal, DAOP e câncer de pulmão, submeteu-se a implante de endoprótese bifurcada ovation em novembro de 2019 para correção de úlcera de aorta. Em 06/12/2021, foi admitida na emergência com dor lombar, calafrios, confusão mental, febre, vômitos, diarreia, dispneia, taquicardia e hipotensão. Suspeitou-se de sepse pulmonar e infecção do trato urinário. Após internação e exames de imagem foi realizado diagnóstico de infecção da prótese aórtica abdominal com fistula para o duodeno. Tomografia de 24/06/2021 mostrou focos gasosos ao redor da endoprótese e extensão para o duodeno. Cultura confirmou Escherichia coli multirresistente. Após discussão do caso com equipe multidisciplinar (radiologia, cirurgia geral e vascular), optou-se por tratamento clínico com antibioticoterapia. Ao longo de dois anos, a paciente foi hospitalizada algumas vezes devido a piora da infecção, sendo tratada com diferentes antibióticos mais potentes. Após 2 anos e meio do início do tratamento, veio a óbito no hospital.

Discussão

Complicações de próteses vasculares podem ocorrer, especialmente relacionadas à fabricação. Uma complicação importante é a infecção da endoprótese, associada a alta morbidade e mortalidade. A apresentação clínica é tardia, variando de sintomas inespecíficos a complicações graves, como pseudoaneurisma e fístula aortoentérica. Destaca-se que em estudo multicêntrico recente, encontraram taxa de 0,4% de infecção em endopróteses aortoilíaca, sendo que as complicações mais frequentemente observadas nos casos de infecção em endopróteses aortoilíacas são a fístula aortoentérica (32,3%), migração e falha do dispositivo. O tratamento cirúrgico é frequentemente necessário, mas o conservador, baseado em antimicrobianos e drenagem, é uma opção para casos de alto risco ou sem complicações. Um estudo comparativo mostrou mortalidade de 36,4% no tratamento conservador e 27,4% no cirúrgico.

Conclusão

O caso apresentou uma complicação rara pós-operatória, com o duodeno envolvendo a endoprótese, possivelmente devido a uma reação inflamatória. Essa complicação é incomum na literatura. Após o diagnóstico, discutiu-se a possibilidade de tratamento cirúrgico, mas foi descartado devido ao alto risco e a necessidade de uma crurgia muito grande e longa. Optou-se pelo tratamento conservador com antibióticos específicos, e a paciente teve uma sobrevida de quase 3 anos.

Referências

COSTA, Davide et al. Infecção de próteses vasculares: uma revisão abrangente. Prótese , v. 5, n. 1, pág. 148-166, 2023.

LICHTENFELS, Eduardo et al. Infecção em endoprótese. Jornal Vascular Brasileiro, v. 10, p. 50-54, 2011.

ROSSI, F. H.; IZUKAWA, N. M. Infecção de endopróteses vasculares periféricas: diagnóstico e tratamento. Arteríola, p. 37-40, 2004

Área

Geral

Autores

Karima Muhammad Yusuf, Roberto Antônio Gurgel Gomes Júnior, Eduardo Lima TIgre, Alexandre Bueno Silva