XVI Encontro de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Conesul e Cela 2024 (Sociedade Latino-Americana de Cirurgiões Endovasculares)

Dados do Trabalho


Título

DISSECÇÃO ESPONTÂNEA DE ARTÉRIA CARÓTIDA DIREITA: RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

A dissecção espontânea das artérias carótidas (DEAC) é considerada uma causa rara de acidente vascular cerebral (AVC). A (DEAC) caracteriza-se pela ruptura não traumática, entre as camadas arteriais, levando à estenose arterial ou dilatação aneurismática. O objetivo é descrever um caso incomum de dissecção espontânea de artéria carótida, cuja apresentação foi cefaleia hemicraniana com aura a direita, associada a ptose palpebral ipsilateral.

Discussão

Paciente masculino, 42 anos, tabagista, portador de sífilis terciaria (desde 2014), apresentou cefaleia hemicraniana a direita há 4 dias com aura a direita, associada a ptose palpebral ipsilateral. Nega demais comorbidades. Sinais vitais estáveis e aparelhos respiratório, cardiovascular e neurológico sem alterações. A hipótese diagnostica inicial na admissão foi cefaleia e Neurosífilis. Foram realizados exames de imagem como Tomografia computadorizada de crânio, sem achados patológicos, assim como, exames laboratoriais e sorológicos reagentes para infecção por Sífilis (VDRL 1:32) e Hepatite C (anti-HCV reagente). Posteriormente, foi realizado ressonância magnética de crânio, evidenciando dissecção de artéria carótida interna direita. Com base nesses achados foi solicitado uma Angiotomografia de carótidas e vertebrais que confirmou no segmento petroso da artéria carótida interna direita afilamento com estenose (>50%), correspondendo a dissecção e evidenciou aneurisma sacular na carótida interna esquerda. Desde então, foi iniciado o uso de penicilina cristalina endovenosa até o dia da alta, diante da suspeita de acometimento vascular sifilítico. Além disso, foi solicitado carga viral e genotipagem da hepatite C, e iniciado o tratamento com Velpatasvir + Sobosbuvir por 12 semanas. Considerando o risco de agregação plaquetária e trombogênico, foi iniciado o uso de AAS 100 mg/dia,e considerando o risco de embolia sistêmica foi indicado o uso de anticoagulação plena com o Rivaroxabana 20 mg/dia. Após avaliação neurológica, foi contraindicada a Rivaroxabana pelo risco de sangramento pela presença de aneurisma. Paciente evoluiu bem após internação e tratamento, não foi necessário intervenção cirúrgica e recebeu alta em uso de AAS.

Conclusão

Embora a dissecção espontânea de artérias carótidas não seja rotineira, essa patologia deve ser observada a fim de se evitar eventos como AVC. Assim como devem ser levados em conta sintomas como cefaleia hemicraniana e dor na região cervical, com a finalidade de obter o diagnóstico precocemente.

Referências

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Área

Geral

Autores

Gabriela Salvador, Etiele Difante Velasquez