60º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica

Dados do Trabalho


Título

RECONSTRUÇAO CIRURGICA DE ASA NASAL TRAUMATICA COM TECNICA DE RETALHO FRONTAL

Resumo

A reconstrução da asa nasal representa um grande desafio na cirurgia plástica devido à complexidade anatômica e funcional dessa região. A asa nasal é composta por pele, cartilagem, músculo e mucosa, elementos que devem ser restaurados harmoniosamente para garantir resultados estéticos e funcionais satisfatórios. O retalho frontal paramediano, também chamado de Retalho Indiano, apesar de ser uma técnica antiga, com relatos de utilização na Índia 2000 a.C., apresenta bons resultados nas reconstruções de asa nasal . Na primeira etapa, o tecido frontal e os enxertos cartilaginosos são colocados nas áreas receptores. No segundo tempo cirúrgico, o retalho é levantado novamente e afinado para uma espessura de 3-4mm. Em um terceiro momento, o pedículo é cortado e os supercílios reposicionados, sendo esses tempos cirúrgicos espaçados com no mínimo três semanas de intervalo para que o retalho se torne autônomo. Apesar da necessidade de repetidos procedimentos cirúrgicos de refinamento até o alcance do contorno e definição satisfatórios, o retalho frontal paramediano oferece ótimos resultados estéticos a longo prazo para reparar defeitos complexos no nariz. Sendo assim, o objetivo deste estudo é de relatar a utilidade e efetividade dessa técnica para reconstruções nasais pós-traumáticas.

Introdução

A reconstrução da asa nasal representa um grande desafio na cirurgia plástica devido à complexidade anatômica e funcional dessa região. A asa nasal é composta por pele, cartilagem, músculo e mucosa, elementos que devem ser restaurados harmoniosamente para garantir resultados estéticos e funcionais satisfatórios. O retalho médio frontal é uma das técnicas mais valorizadas e frequentemente utilizadas para reconstrução de defeitos na asa nasal, especialmente após ressecções de câncer de pele ou traumas.

Objetivo

O objetivo do trabalho é ilustrar um caso de reconstrução de asa nasal com um retalho frontal, demonstrando a sua importância na cirurgia de reconstrução nasal.

Método

Paciente é do sexo feminino, 48 anos, nega comorbidades ex usuária de drogas ilícitas, tabaco e álcool. Já havia sido submetida a procedimento cirúrgico com enxerto total em outro serviço, há cerca de 8 anos.

Em seguida fez-se a marcação do retalho frontal paramediano segundo o desenho de Gillies “up and down” , tendo em conta as dimensões do defeito resultante, bem como respeitando os limites do retalho descritos por Menick, em 20023: cerca de 2cm lateral à linha média junto da cabeça do supercílio e com uma largura do pedículo de aproximadamente 1,5cm com sentido vertical. Descolou-se o retalho no sentido distal-proximal realizando a dissecção inicialmente em plano subcutâneo e mais proximalmente no plano justa periosteal.

O retalho foi rodado, posicionado sobre o defeito, refinado e suturado às bordas com fio de nylon 5-0. A região doadora foi suturada com aproximação total com nylon 4-0 em plano profundo e monocryl 4-0 intradérmico, com fechamento completo do defeito.

Resultado

Os resultados com o retalho médio frontal são, na maioria dos casos, superiores, oferecendo restauração estética natural e funcionalidade adequada. A cicatriz na área doadora pode ser bem disfarçada e, se necessário, melhorada com revisões subsequentes. A reconstrução permite a recuperação da aparência natural da asa nasal e da função respiratória, impactando positivamente a qualidade de vida do paciente. Neste caso, temos um resultado satisfatório relatado pela paciente sem comprometer a parte funcional. A mesma aguarda procedimento sequencial para seguimento do tratamento.

Discussão

O princípio das subunidades estéticas descrito por Menick, em 20104, advoga que se a subunidade for afetada em mais de 50% da sua área esta deve ser totalmente removida, o que é particularmente útil nas subunidades do terço inferior do nariz, pois devido às suas linhas convexas e proeminentes poderão resultar em cicatrizes mais aparentes. No presente caso esse princípio não foi rigorosamente seguido, tendo em conta as dimensões já consideráveis do defeito inicial e o respeito à margem cirúrgica de segurança.

Embora diversas técnicas possam ser usadas, o retalho frontal é de particular segurança, confiabilidade e reprodutibilidade, visto que a sua vascularização pela artéria supratroclear para além da pele da região frontal ser a mais semelhante em cor e textura com a do nariz.

O desenho do retalho pode apresentar-se sob diferentes formas, desde oblíquo a um formato em “gaivota” de Millard, passando pelo “up and down” de Gillies. A vascularização do retalho frontal é essencialmente feita pelos vasos supratrocleares. Estes passam sobre a margem orbital externamente ao periósteo, seguem verticalmente para cima dentro do músculo frontal e assumem uma posição subdérmica junto à linha capilar.

O pedículo é seccionado geralmente quatro semanas após a primeira cirurgia, configurando a cirurgia em dois estágios, sendo esta a mais tradicional. Menick, em 20104, advoga a cirurgia em três estágios, com uma fase intermediária de “debulking”, especialmente indicada em pacientes fumantes, com cicatrizes prévias ou com defeitos de espessura total.

A área doadora, com defeito considerável, foi aproximada com sutura primária, com bom fechamento.

Como esperado, aguardamos até a presente data a realização da segunda etapa do procedimento. Até o momento, a paciente ficou satisfeita com o resultado estético e funcional.

Conclusão

As deformidades nasais têm uma prevalência importante devido aos tumores cutâneos e aos traumatismos frequentes nesta região. A reconstrução nasal é um desafio para os cirurgiões plásticos na atualidade, devido às características anatômicas do nariz, cor e textura da pele, revestimento vascular e o suporte cartilaginoso.

Este procedimento tem como objetivo recuperar uma aparência estética agradável, mas também recobrar sua função de fluxo e umidificação do ar. O retalho frontal é uma alternativa que oferece resultados estéticos excelentes para defeitos de asa nasal.

Referências

1. Menick FJ. Nasal reconstruction. Plast Reconstr Surg. 2010 Abr;125(4):138e-50e.

2. Menick FJ. Nasal reconstruction: forehead flap. Plast Reconstr Surg. 2004;113(6):100e-11e.

3. Quintas RCS, Araújo GP, Medeiros Junior JHGM, Quintas LFFM, Kitamura MAP, Cavalcanti ELF, et al. Reconstrução nasal complexa: opções cirúrgicas numa série de casos. Rev Bras Cir Plást. 2013;28(2):218-22.

4. Costa MJM. Versatilidade do retalho médio-frontal nas reconstruções faciais. Rev Bras Cir Plást. 2016;31(4):474-80.

5. Baker SR. Principles of nasal reconstruction. Maryland, US: Mosby; 2002.

6. Menick FJ. A 10-year experience in nasal reconstruction with the three-stage forehead flap. Plast Reconstr Surg. 2002 Mai;109(6):1839-55;discussion:1856-61.

7. Cintra HPL, Bouchama A, Holanda T, Jaimovich CA, Pitanguy I. Uso do retalho médio-frontal na reconstrução do nariz. Rev Bras Cir Plást. 2013;28(2):212-7.

Palavras Chave

Asa nasal; Retalho mediofrontal; Trauma de Face

Arquivos

Área

Cirurgia Plástica

Categoria

Cirurgia Plástica

Instituições

Hospital Geral de Goiania - Goiás - Brasil

Autores

CAROLINA GABRIELA DE FARIA, YURI KOSSA BARBOSA, RENAN MIRANDA SANTANA, SERGIO AUGUSTO DA CONCEICAO