60º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica

Dados do Trabalho


Título

Ectrópio como complicação da blefaroplastia da pálpebra inferior – tratamento com cantoplastia lateral com ou sem “tarsal strip”

Resumo

O ectrópio é a complicação mais comum após a blefaroplastia estética da pálpebra inferior e representa um sério problema funcional. Para devolver a função palpebral, uma abordagem reconstrutiva é necessária. Foram analisados 31 casos de ectrópio após blefaroplastia, corrigidos cirurgicamente no serviço de cirurgia plástica no Hospital da Plástica, RJ, pelo preceptor de cirurgias periorbitárias, Prof Dr Roberto Sebastiá, no período de janeiro de 2021 a maio de 2024. As duas técnicas cirúrgicas utilizadas foram cantoplastias laterais conforme descrito por Anderson em 1979 (procedimento de tarsal strip) e McCord (suspensão tarsal). Com essas técnicas, as deformidades puderam ser corrigidas com sucesso, sem necessidade de uso de enxerto de pele, que é esteticamente indesejável.

Introdução

O ectrópio é a complicação mais comum após a blefaroplastia estética da pálpebra inferior. Geralmente resulta de retirada excessiva de pele, o que deve ser evitado em todos os casos. Quando isso ocorre, torna-se um problema funcional, necessitando de uma abordagem reconstrutiva. A cantoplastia lateral, conforme descrita por Anderson em 1979 (procedimento de tarsal strip) ou McCord (suspensão tarsal), é uma forma bem-sucedida de corrigir o ectrópio da pálpebra inferior e restaurar a função palpebral.

Objetivo

O ectrópio como complicação da blefaroplastia inferior é um sério problema funcional. A restauração da função palpebral deve ser o foco principal nesses casos. O objetivo deste trabalho foi revisar casos de correção de ectrópio por complicação após blefaroplastia, realizados no serviço de cirurgia plástica do Hospital da Plástica, com foco na técnica de cantoplastia lateral, com ou sem “tarsal strip”.

Método

Foram analisadas cantoplastias realizadas pelo preceptor de cirurgias periorbitárias do Hospital da Plástica, Prof Dr Roberto Sebastiá, no período de janeiro de 2021 a maio de 2024.
Duas técnicas foram usadas.
O procedimento de “tarsal strip”, descrito por Anderson em 1979, foi realizado da seguinte forma: É feita uma cantotomia lateral, primeiro por incisão com bisturi, estendida cerca de 1cm lateralmente e depois finalizada com tesoura. Uma cantólise lateral é realizada incisando a crus inferior do tendão cantal lateral desde suas inserções até a borda orbital. A pálpebra é então dividida na linha cinza com uma tesoura em lamela anterior e posterior. Uma faixa tarsal é confecionada dependendo da quantidade necessária de encurtamento horizontal da pálpebra. A lamela anterior, incluindo os folículos ciliares, é excisada e a conjuntiva palpebral raspada com um bisturi da faixa tarsal. A faixa tarsal é então suturada com fio de nylon 5.0 ao periósteo da borda orbital. A cantotomia lateral é fechada com fio de Nylon 5.0 e fixada também na borda orbital. O fechamento da pele é realizado com sutura Prolene 6.0.
A técnica de suspensão tarsal é um procedimento modificado do “tarsal strip” e foi realizada quando não havia necessidade de encurtamento horizontal da pálpebra. É realizado da mesma forma, sem a confecção da faixa tarsal.

Resultado

De janeiro de 2021 a maio de 2024, foram realizadas 808 blefaroplastias inferiores em 404 pacientes. Em todos os casos foram realizadas cantopexia lateral, a fim de evitar frouxidão palpebral pós-operatória e desenvolvimento de apresentação escleral e/ou ectrópio. Foram realizadas 62 cantoplastias em 31 pacientes, que haviam sido submetidos a blefaroplastias da pálpebra inferior em outros serviços e apresentavam mau posicionamento dessa pálpebra e/ou ectrópio. Em 19 pacientes foram realizadas suspensão tarsal (conforme descrito por McCord) bilateralmente (38 cantoplastias) e em 12 pacientes foram utilizadas a técnica tarsal strip (Anderson) bilateralmente (24 cantoplastias). 2 pacientes necessitaram de correção adicional por cantoplastia repetida.

Discussão

O principal motivo do ectrópio como complicação após a blefaroplastia é a retirada excessiva da pele. A cicatrização dos retratores da pálpebra por uma abordagem aberta de retirada de bolsas de gordura também pode contribuir para esse problema. No entanto, a frouxidão das estruturas de suporte das pálpebras, como retratores da pálpebra, estruturas ligamentares do tarso e do canto, desempenham um papel importante no desenvolvimento desta complicação indesejada. A falha na fixação do tarso às estruturas orbitais laterais em tal procedimento pode, portanto, levar ao mau posicionamento da pálpebra inferior e ao ectrópio. Considerando a escassez de pele e as cicatrizes como o principal problema do ectrópio pós-blefaroplastia, pode-se argumentar que os enxertos de pele de espessura total são a opção mais segura para corrigir a deformidade, conforme descrito por autores como Mustardé, Castanares, e Lessa. De ponto de vista estético, evita-se o uso de enxerto de pele sempre que possível. As cantoplastias laterais, com as técnicas de “tarsal strip” ou suspensão tarsal (dependendo do grau de frouxidão do tendão cantal lateral/ da frouxidão palpebral), podem evitar a necessidade desse recurso.

Conclusão

A cantoplastia lateral com ou sem faixa tarsal é uma técnica muito eficaz na correção do ectrópio como complicação da blefaroplastia inferior. Realizado corretamente, pode-se evitar o uso de enxerto de pele. Porém, em pacientes com ausência de ptose do terço médio da face, com uma escassez vertical importante de pele e/ou uma cicatrização intensa, será necessária uma suspensão cantal lateral combinada com um enxerto de pele.

Referências

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Palavras Chave

PALAVRAS-CHAVE: Procedimentos cirúrgicos reconstrutivos. Pálpebra. Ectrópio.

Arquivos

Área

Cirurgia Plástica

Categoria

Cirurgia Plástica

Instituições

Hospital da Plástica - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

ISABELLE SAWETZ, ROBERTO SEBASTIÁ, RICARDO PAIVA, SERGIO CARREIRAO