Dados do Trabalho
Título
A IMPORTANCIA DA REABILITAÇAO ONCOLOGICA PELA ANAPLASTOLOGIA: SERIES DE CASOS
Resumo
As reconstruções na região de cabeça e pescoço representam grande desafio aos cirurgiões plásticos, devido à complexidade funcional e tridimensional frente à eventual deficiência de pele, mucosa, osso e músculos da face. Funções fundamentais como respiração, deglutição, expressão facial e fala podem ficar comprometidas após ressecção oncológica nessas áreas.1
Introdução
A cirurgia plástica reparadora é o método de escolha para a reparação de cirurgias oncológicas em cabeça e pescoço. Há, todavia, situações em que os arsenais técnicos para a reconstrução tornam-se insuficiêntes ou contra-indicados devido à grandes defeitos resultantes, condições desfavoráveis dos tecidos vizinhos, muitas vezes fibróticos e pobres em vascularização ou por possíveis margens comprometidas à ressecção. Além disso, há relutância do paciente em se submeter às várias cirurgias de refinamento para aproximar o resultado final mais próximo da aparência normal. Para esses casos, a reparação facial por meio de próteses é o método de escolha para um tratamento conservador.2
A reabilitação facial é de extrema importância, pois é pela face onde convergem as atenções e refletem as emoções humanas, além de ser o mais importante estímulo visual no contato entre as pessoas. As mutilações na região facial causam graves alterações estéticas e funcionais, levando a sérios problemas psicológicos, familiares e de convívio social.2
A anaplastologia é uma area da saude que fornece prótese externas faciais e corporais.3
Ela é uma arte desenvolvida desde meados da Primeira Guerra Mundial. Marcada pelas disputa entre trincheiras acarretou em muitos defeitos cranio faciais, um vez que apenas a cabeça ficava para fora. Mesmo com Harold Gillies se dedicando as reconstruções na época, muitos soldados continuavam gravemente desfigurados.
Para esses casos, foi criado o Departamento de Máscaras para Desfiguramento Facial, coordenado pelo pediatra Francis Derwnet Wood. Para desenvolvimento das máscaras eram necessárias semanas, sendo primeiramente realizado um molde em gesso do estado atual do paciente, depois talhado em madeira e o molde da máscara preenchia o local a ser coberto com o encaixe.
O trabalho de Wood serviu de inspiração para a escultora Anna Coleman Ladd, que criou seu estúdio de máscaras em Paris, onde ela também criava máscaras em um ambiente acolhedor, onde os soldados conversam e fumam cigarros, enquanto Anna observava suas lesões e criava as máscaras.
Ao longo do tempo, materiais como madeira, marfim e metais foram utilizados na confecção de próteses bucomaxilofacial, atualmente os mais comumente empregados incluem a resina termicamente ativada e os silicones.4
Objetivo
Demonstrar que ainda existe reabilitação estético estrutural facial, por meio da anaplastologia, dos pacientes com defeitos de cabeça e pescoço.
Método
Estudo retrospectivo de serie de casos que utilizaram anaplastologia para complementação na reabilitação em oncologia de cabeça e pescoço no Hospital de Amor Barretos
Resultado
Série de casos de pacientes submetidos a ressecção oncológica em cabeça e pescoço, onde foram realizados a reconstrução pela equipe da cirurgia plástica para cobrir estruturas nobres com retalhos locais ou microcirurgicos e possibilitar a colocação de material aloplastico no nariz, orelha, globo ocular, palato, lábio inferior, mandíbula, arcada dentária, malar e região orbitária, visando uma melhora estética e funcional dos pacientes ( Fig. 1,2,3,4 e 5). Os materiais aloplasticos são realizados pela equipe de odontologia do serviço do Hospital de Amor. Para a região nasal usualmente se opta pela não reconstrução, para possibilitar após a retirada das próteses uma melhor visualização de possíveis recidivas.
Discussão
Durante a Primeira Guerra Mundial, vários soldados tiveram seus rostos desfiruados, sendo que, frequentemente voltavam do campo de batalha com queimaduras, sem olhos, nariz, com buracos, que ocupavam grande parte da face e, em virtude disso, um grupo que ocupavam grande parte da face e, em virtude disso, um grupo de profissionais tiveram que criar um campo completamente novo, o das Cirurgias Reconstrutoras.
No ano de 1917, o médico neozelandês Harold Gillies, buscou amenizar os sofrimentos dos soldados mutilados e acabou revolucionando a medicina com suas reconstruções de cabeça e pescoço que aprendeu com Charles Auguste Valdier, um dentista francês que se esforçava para substituir as mandíbulas dos soldados feridos por projéteis, além de reconstruir seus dentes.
Nesta época, Harold Gillies montou uma equipe para dar início às cirurgias no Hospital Miliar de Cambridge, recrutando Kathleen Scott, uma célebre escultora que moldava réplicas dos rostos dos soldados logo depois das lesões, para os cirurgiões pudessem planejar e testar.
No entanto, apesar dos esforços, infelizmente a maioria dos jovens soldados continuavam gravemente desfigurados, mesmo depois de várias cirurgias reconstrutoras.
Para esses casos, foi criado o Departamento de Máscaras para Desconfiguramento Facial, coordenado pelo pediatra Francis Derwnet Wood, com confecção de máscaras em metal frio, moldadas para resgatar a aparência dos pacientes antes de sofrerem sua perda. Primeiramente, era feito um molde da máscara que preenchia o local a ser coberto com o encaixe perfeito. Para completar as feições, Wood usava fotografias antigas de cada paciente como referência. Por fim, uma fina camada de metal cobria o molde de madeira, para depois ser retirada e usada pelo paciente. Esta mascara era presa ao rosto do paciente através de óculos ou fitas de tecido e, então, Wood realizava a pintura, diretamente no rosto, para que o tom usado ficasse o mais próximo do tom de pele do paciente.
O trabalho de Wood serviu de inspiração para a escultora, destaque na época, Anna Coleman Ladd, que criou seu estúdio de máscaras em Paris, onde ela também criava máscaras em um ambiente acolhedor, onde os soldados conversavam e fumavam cigarros, enquanto Anna observava suas lesões e criava as máscaras.
A substituição pelos materiais à base de silicone proporciona em próteses de aparência natural, sendo acoplados as próteses com armações de óculos, elásticos, colas porém podem causar algum desconforto aos pacientes.
A partir de 1979 iniciou-se a aplicação dos implantes osseointegrados promovendo um permanente e estável meio de retenção para as próteses faciais. Há uma fase cirúrgica de instalação dos implantes e conexões.
Embora o Silicone seja atualmente o material que apresenta as melhores propriedades para a confecção de próteses extra-orais, ele sofre a ação do tempo e dos fatores ambientais e por este motivo, essas próteses necessitam ser refeitas a cada 2 ou 3 anos, dependendo dos cuidados com a sua manutenção.2
Portanto os cirurgiões que se comunicam regularmente com um anaplastologista se beneficiarão de uma prática mais abrangente e poderão fornecer uma opção a mais aos seus pacientes. A reconstrução cirúrgica é sempre a melhor opção, mas há momentos em que a reconstrução protética é o desfecho final.
Quando a prótese é escolhida como a melhor opção, é importante um bom vínculo entre o cirurgião e o anaplastologista para a confecção o mais precoce possível, para enfim, retornar esse paciente para a sociedade, melhorar sua qualidade de vida e manter sua aparência no pós reconstrução e prótese o mais próximo da normalidade.
Conclusão
A anaplastologia associada a reconstrução em cabeça e pescoço consegue trazer de volta a auto-estima dos pacientes sem possibilidade de reconstrução cirúrgica, sendo uma grande vantagem para o arsenal terapêutico dos cirurgiões plásticos reparadores que visam os pilares da reconstrução em oncologia (ressecabilidade, operabilidade e anatomia preservadora).
Referências
1- Nepomuceno AC, Chagas JFS, Pascoal MBN, et al. Reconstrução microcirúrgica em cabeça e pescoço: análise retrospectiva de 30 retalhos livres. Rev. Bras. Cir. Plást. 2016;31(4):481-490.
2 - Ribeiro RMP. O papel das próteses oculares e faciais no processo reabilitador das anomalias craniofaciais. Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatinas, 46, 2013.
3- Anaplastology and facial prosthetics. Plastic Surgery Key. 2021.
4- Pinheiro JB. Correlação estrutura-propriedades de silicones para prótese facial - Efeitos da pigmentação e do envelhecimento. Universidade de São Paulo. Faculdadade de odontologia de Ribeirão Preto, 2012.
5- Tanner PB, Mobley SR. External Auricular and Facial Prosthetics: A Collaborative Effort of the Reconstructive Surgeon and Anaplastologist. Facial Plast Surg Clín N AM 1. 2006;137-145.
Palavras Chave
anaplastologia; cirurgia plástica; reconstrução
Arquivos
Área
Cirurgia Plástica
Categoria
Cirurgia Plástica
Instituições
HOSPITAL DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE BARRETOS - São Paulo - Brasil
Autores
PAULO ARMANDO MARQUES LUNA