Dados do Trabalho
Título
Reconstrução de parede torácica pós ressecção de metástase: Relato de Caso
Resumo
Introdução: Os tumores de parede torácica frequentemente exigem ressecções significativas, as quais ocasionam defeitos importantes que necessitam de intervenção cirúrgica. Assim, o presente estudo relata um caso de reconstrução de parede torácica com múltiplos retalhos. Objetivo: Relatar um caso cirúrgico de abordagem conjunta da Cirurgia Plástica com a Cirurgia Torácica em uma extensa ressecção de parede torácica por metástase de uma neoplasia mamária. Método: O estudo utilizou dados de uma paciente admitida em hospital de referência, focando nas intervenções realizadas. A identidade da paciente foi preservada. Relato do caso: Mulher, 55 anos, com histórico de neoplasia e reconstrução em mama direita, buscou atendimento por dor torácica e nodulações em região paraesternal. Os exames radiológicos confirmaram neoplasia em parede torácica anterior direita. O tumor foi ressecado, resultando em defeito na região, que foi corrigido com retalhos de avanço dos músculos reto abdominal, grande dorsal e serrátil anterior, e retalho de rotação parcial do segmento superior do músculo peitoral maior. Foi realizada cobertura da tela de Marlex com confluência dos retalhos musculares para cobertura completa do hemitórax direito, com aposição de nova tela de Marlex. A paciente evoluiu com estabilidade no pós-operatório, melhora da dor e desmame de opióides. Apresentou redução de força no braço esquerdo, associada ao avanço do retalho muscular do peitoral esquerdo. Recebeu alta no 6º dia de pós-operatório. Discussão: Fatores como a cobertura adequada e a minimização das deformidades são considerados no planejamento da reconstrução da parede do tórax. O retalho do grande dorsal continua sendo a principal opção de reconstrução em diversas casuísticas por diversos motivos, entretanto, para fechamento do defeito apresentado no caso, o tamanho do retalho de grande dorsal não seria suficiente, o que explica tamanha complexidade com a combinação de outras estratégias de retalhos. Conclusão: O caso evidencia a importância do avanço nas técnicas de reconstrução de defeitos torácicos após ressecções cirúrgicas e enfatiza o papel da abordagem do cirurgião plástico para preservar funcionalidade e estética do tórax.
Introdução
Introdução: Os tumores na parede torácica incluem os primários, os localmente invasivos e as lesões metastáticas. De maneira geral, ressecções significativas são necessárias nesses casos, sendo consideradas um desafio para a equipe médica. Devido à quantidade de tecidos moles presente, o que favorece a expansão da lesão, defeitos importantes no tórax do paciente podem se apresentar, expondo estruturas nobres e debilitando a funcionalidade respiratória. O presente estudo relata a abordagem de um paciente com tumor de parede torácica importante, com destaque para a abordagem da cirurgia plástica na reconstrução do tórax por meio de múltiplos retalhos.
Objetivo
Objetivo: Relatar um caso cirúrgico de abordagem conjunta da Cirurgia Plástica com a Cirurgia Torácica em uma extensa ressecção de parede torácica por metástase de uma neoplasia mamária.
Método
Método: O estudo foi realizado mediante dados do prontuário de uma paciente admitida em hospital de referência, desde o acolhimento até a alta, dando foco às intervenções realizadas no serviço de saúde. Sendo a identidade da paciente preservada e todas as informações pessoais omitidas, de forma a garantir o anonimato.
Resultado
Relato do Caso: Mulher, 55 anos, buscou atendimento por dor torácica intensa e progressiva, além de nodulações em região paraesternal direita. Apresentava histórico de neoplasia mamária direita há 8 anos. A Tomografia de Tórax revelou lesão invasiva na região esternal direita, estendendo-se para as articulações das 4ª à 7ª costelas ipsilaterais. O PET CT confirmou lesão expansiva na parede torácica anterior direita, das 4ª e 6ª junções costocondrais, com extensão para pleura e tecidos gordurosos extrapleurais. O tumor foi ressecado via toracotomia direita e esternotomia, resultando em defeito na parede torácica. A paciente tinha histórico de reconstrução mamária direita com retalho de latíssimo do dorso e uso de prótese, após mastectomia e prótese mamária à esquerda. Durante a cirurgia, identificou-se ruptura da prótese esquerda, sendo realizada exérese da prótese com capsulectomia total à esquerda e retirada da cápsula anterior à direita durante a ressecção do tumor. Para corrigir o defeito da parede torácica (Imagem 1), dissecou-se o retalho de latíssimo do dorso, com retalhos de avanço dos músculos reto abdominal (Imagem 2), grande dorsal (Imagem 3) e serrátil anterior (Imagem 4), e retalho de rotação parcial do segmento superior do músculo peitoral maior (Imagem 5). Foi realizada cobertura da tela de Marlex com confluência dos retalhos musculares para cobertura completa do hemitórax direito, com aposição de nova tela de Marlex (em sanduíche). A paciente evoluiu com estabilidade no pós-operatório, melhora da dor e desmame de opióides. Apresentou redução de força no braço esquerdo, com movimentos preservados na mão ipsilateral, associada ao avanço do retalho muscular do peitoral esquerdo. Recebeu alta no 6º dia de pós-operatório.
Discussão
Discussão: Como retratado por Peressutti et al., além de prezar pela funcionalidade da paciente, fatores como a cobertura adequada e a minimização das deformidades precisam ser levados em consideração no planejamento da reconstrução da parede do tórax. A avaliação da equipe multidisciplinar com inclusão do cirurgião plástico se mostra fundamental para o sucesso de tratamentos complexos envolvendo amplas ressecções e grandes reconstruções (Silva, 2017). A decisão de qual técnica será utilizada depende de profundidade, tamanho e local do defeito, além da viabilidade dos tecidos adjacentes e condições clínicas do paciente (Peressutti, 2022). Marcondes et al. descreveu uma série de casos de fechamento de parede torácica a partir de múltiplas estratégias, assim como o caso apresentado neste trabalho. Os retalhos mais aplicados tradicionalmente são o miocutâneo de latíssimo do dorso, reto abdominal, serrátil anterior e muscular do peitoral, que foram alguns dos utilizados na abordagem da paciente em questão. Apesar de ter sua descrição datada do século 19 por Tansini, o retalho do grande dorsal continua sendo a principal opção de reconstrução em diversas casuísticas por diversos motivos, entre os quais destacam-se a facilidade de dissecção e constância e segurança de seu pedículo vascular (Silva, 2017). Entretanto, para fechamento do defeito apresentado no caso, o tamanho do retalho de grande dorsal não seria suficiente, o que explica tamanha complexidade com a combinação de outras estratégias de retalhos. A frequência de complicações pode ser diminuída pelo uso de próteses rígidas na reconstrução torácica, como no caso foi feito o uso de dupla camada de tela de polipropileno (Marlex), já que existem limitações na obtenção e utilização de materiais autólogos, e ainda não obtivemos o material aloplástico ideal (Batista, 2014).
Conclusão
Conclusão: O caso apresentado ilustra a importância do avanço de técnicas de reconstrução de defeitos torácicos graves, resultantes de ressecções cirúrgicas. Além disso, demonstra o papel fundamental do cirurgião plástico na abordagem à reconstrução de tórax por meio do manejo de retalhos miocutâneos, preservando a funcionalidade e estética do paciente.
Referências
Referências:
DAHER, José Carlos et al. Reconstruções mamárias: análise evolutiva das técnicas e estado da arte atual. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica (Rbcp) – Brazilian Journal Of Plastic Sugery, [S.L.], v. 37, n. 02, p. 260-267, 2022. GN1 Sistemas e Publicacoes Ltd.http://dx.doi.org/10.5935/2177-1235.2022rbcp0042.
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Peressutti, Carolina. Reconstrução de parede torácica com retalho miocutâneo do reto abdominal vertical e transverso: um relato de caso. Arquivos Catarinenses de Medicina, Florianópolis, v. 51, n. 1, p. 399-405, 2022.
Silva, Mayara Mytzi de Aquino. Reconstrução de parede torácica em extensas ressecções oncológicas. Rev. Bras. Cir. Plást. , v. 32, n. 4, p. 513-522, 2017.
Batista, Katia Torres. Reconstrução da parede torácica após a ressecção de extensos tumores. Rev. Bras. Cir. Plást. , v. 29, n. 4, p. 550-556, 2014.
Marcondes CA, Pessoa SGP, Pessoa BBGP, Dias IS, Ribeiro NP. Estratégias em reconstruções de tórax pós-ressecções extensas de tumores de mama localmente avançados: uma série de 11 casos. Rev Bras Cir Plást. 2015;30(3):339-44.
Palavras Chave
RECONSTRUÇÃO TORÁCICA
Arquivos
Área
Cirurgia Plástica
Categoria
Cirurgia Plástica
Instituições
Instituto Dr. José Frota - Ceará - Brasil
Autores
DOUGLAS RODRIGUES DE MAC?DO, REBECA DE MESQUITA OLIVEIRA HAMDAM, Marina Luz ZONARI, José Lucas Vieira LOPES, Lara Vasconcelos CAVALCANTE, Larissa Cavalcante AMORA