60º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica

Dados do Trabalho


Título

OPÇAO TECNICA PARA TRATAMENTO REPARADOR DE PARALISIA FACIAL COM O USO DE TELA DE POLIPROPILENO

Resumo

Este trabalho apresenta uma opção técnica para o manejo cirúrgico dos casos de paralisia facial periférica, com enfoque nos casos de paralisia crônica, ou seja, naquelas condições em que o dano ou sequela cursa como prejuízo estético e funcional permanente ao paciente. A paciente deste trabalho apresentou paralisia facial periférica devido a complicação cirúrgica de um Schwannoma Vestibular, em que houve lesão do nervo facial durante a exérese do tumor.

A técnica a ser apresentada tem como particularidade o uso de tela de propileno associado à técnica operatória do lifting facial, buscando proporcionar um resultado a longo prazo de maior simetria e harmonia da face e, além disso, atuar como adjuvante no tratamento reparador de comorbidades associadas à paralisia facial, a exemplo da sialorreia espontânea. Vale destacar que esta apresentação corresponde ao segundo caso desta técnica.

Introdução

A paralisia facial periférica é uma patologia marcada pelo acometimento do nervo facial. A patogênese classicamente descrita é de causa idiopática, conhecida como Paralisia de Bell, em que a principal etiopatogenia envolve associação a infecções virais, a exemplo da ativação do Herpes simplex vírus, por mecanismo ainda não muito esclarecido. Nessa perspectiva, o manejo dos casos diferencia-se com relação à classificação como aguda e crônica, mas, de forma geral, a paralisia de Bell costuma ser feito com um curso de glicocorticoides, fisioterapia, eletromioestimulação, utilização de lágrimas artificiais e evolui, comumente, com prognóstico favorável e resolução do quadro.

Deve-se destacar, entretanto, que há causas de paralisia facial periférica que podem se apresentar como danos permanentes, apesar de representarem patologias de menor prevalência e incidência. Neste trabalho, apresenta-se um caso de paralisia resultante de complicações de tratamento cirúrgico de um Schwannoma vestibular. Destaca-se que esta apresentação teve suas informações consentidas pela paciente.

Objetivo

Não se Aplica. Pois esta é uma descrição de uma Opção Técnica.

Método

A técnica operatória baseia-se, em síntese, na realização de cirurgia de lifting cervicofacial, com a particularidade de que o manejo da hemiface acometida pela paralisia periférica envolve o uso de tela de polipropileno para fixação do sistema musculoaponeurótico superficial facial (SMAS), sendo este composto pelos músculos platisma, risório, triangular e auricular. Vale destacar que há a discussão acerca da inclusão de outros músculos relativos à mímica facial nesta estrutura anatômica.

Sendo assim, inicialmente, a marcação pré-operatória do lifting facial foi feita com a demarcação do retalho e fixação de dois pontos de referência, para garantir que haja uma simetria nos avanços dos retalhos de cada hemiface. O primeiro ponto foi marcado a 5cm do tragus da orelha, no sentido medial. Ademais, o segundo ponto foi marcado a 5cm do lóbulo da orelha, no sentido caudal.

Após a marcação, procedeu-se ao descolamento subcutâneo de todo o retalho das hemifaces direita e esquerda e região cervical. Em seguida, foi realizada, mediante um tracionamento, a elevação e fixação da tela de polipropileno junto ao sistema musculoaponeurótico superficial à aponeurose da região zigomática, utilizando-se de pontos separados e fio mononylon 2-0 e 3-0.

Por fim, foi realizada a exérese do excesso de tecido cutâneo, sendo finalizado o ato operatório mediante o fechamento primário ao longo das linhas pré-auricular e submentoniana da paciente. Destaca-se que também foi feito, na referida paciente, enxerto misto de músculo e gordura no sulco nasogeniano.

Resultado

Não se Aplica. Pois esta é uma descrição de uma Opção Técnica.

Discussão

Em primeiro plano, destaca-se que os casos em que a paralisia facial periférica se apresenta como sequela ou dano permanente devem ser sempre abordados de forma individualizada e sob um acompanhamento multiprofissional. Deve-se salientar, nesse contexto, que o paciente acometido por tal condição apresenta comprometimento tanto de sua imagem corporal quanto da manutenção do funcionamento adequado de estruturas da face, a exemplo do fechamento adequado das pálpebras e da boca. Nessa problemática, dentre as consequências relativas aos casos de paralisia facial periférica, a sialorreia espontânea, condição que gera constrangimento, prejuízo à saúde mental, bem como comprometimento substancial da qualidade de vida da paciente.


Salienta-se, portanto, que a técnica apresentada consegue, com relativa simplicidade, corrigir o desvio inferior das estruturas musculoaponeuróticas da face gerada pela paralisia periférica, elevando o ângulo lateral e tratando a sialorreia espontânea da paciente. Outrossim, tal técnica tem como vantagem proporcionar resultados a longo prazo, tendo em vista que a utilização da tela de polipropileno promove uma boa fixação da musculatura e do retalho cutâneo. Além disso, com a fibrose que se forma, garante-se uma boa manutenção do posicionamento correto das estruturas musculoaponeuróticas da face, proporcionando ao paciente, portanto, uma grande melhora de sua autoestima e bem-estar geral.

Conclusão

Destarte, destaca-se que, embora as causas permanentes de paralisia facial periférica sejam de baixa incidência e prevalência, geralmente essas são condições negligenciadas e que geram um prejuízo físico e psicológico importante aos pacientes. A técnica apresentada traz uma opção para o tratamento reparador e estético da paralisia periférica da face, reposicionando, em associação ao uso da tela de polipropileno, estruturas musculoaponeuróticas da face. Desse modo, a referida técnica é capaz de gerar maior harmonia, simetria, além de reparar a sialorreia espontânea, por meio da correção do desvio inferior do ângulo lateral da boca, conseguindo-se, portanto, um ganho eminente na qualidade de vida do paciente.

Referências

1- Pita, Pedro Celso De Castro, et al. “Implante de Tela de Polipropileno E Poliglecaprone Para Elevação Da Musculatura Na Paralisia Facial.” Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, vol. 37, 28 Oct. 2022, pp. 364–368.


2- “UpToDate.” Uptodate.com, 2019, www.uptodate.com/contents/bells-palsy-pathogenesis-clinical-features-and-diagnosis-in-adults.


3- Plastic Surgery. Volume 2: Aesthetic Surgery. 4th Edition - August 8, 2017. Authors: J. Peter Rubin, Peter C. Neligan.

4- MÉLEGA, J. M.; VITERBO, F.; MENDES, F. H. –. Cirurgia plástica: os princípios e a atualidade – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011

Palavras Chave

Facial palsy; Rhytidoplasty

Arquivos

Área

Cirurgia Plástica

Categoria

Cirurgia Plástica

Instituições

Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

PEDRO PITA, BARTOLOMEU ANTONIO NASCIMENTO JUNIOR, DANIEL WANDERLEY PRAGANA, MATEUS MONTEIRO DOS SANTOS, PEDRO HENRIQUE DE ARAÚJO SILVA, MARIA ALICE CAMPELLO PITA