Dados do Trabalho
Título
MAMOPLASTIA REDUTORA COMO UM TRATAMENTO EFICAZ EM UM CASO DE MASTITE DE REPETIÇÃO: RELATO DE CASO
Resumo
O presente relato de caso tem como objetivo investigar o manejo cirúrgico como uma conduta eficaz no tratamento de casos de mastite de repetição. É importante salientar que a mastite é uma inflamação que normalmente é de causa idiopática, sendo uma condição que prejudica a qualidade de vida, dado às repercussões clínicas que envolvem dor e infecções no local, além de constrangimentos estéticos e funcionais. Desse modo, existem diversas técnicas que visam garantir o melhor desfecho para a paciente, sendo que a técnica escolhida deve garantir tais desfechos positivos. O caso clínico apresentado envolve uma paciente de 38 anos, que foi encaminhada pela Mastologia ao serviço de Cirurgia Plástica do Hospital e Maternidade Terezinha de Jesus (HMTJ) em Juiz de Fora - Minas Gerais, devido a uma possível melhora dos casos de mastite de repetição com a realização da mamoplastia redutora visando redução de tecido mamária por excesso dos mesmos. Nesse sentido, não há estudos que revelem associação direta entre mastite e volume mamário, mas após a cirurgia, a paciente apresentou melhora nas queixas apresentadas, sendo, portanto, a mamoplastia redutora um tratamento eficaz para essa condição.
Introdução
A mastite consiste em uma doença benigna, de carácter inflamatório crônico com elevada taxa de recorrência¹. A causa normalmente é desconhecida, sendo que, não raro, há infecções secundárias por patógenos oportunistas da pele, devido à alteração da microbiota local, além da redução de fatores protetores próprios da pele, como diminuição de imunoglobulinas circulantes e alteração do pH local. No entanto, para o manejo inicial da paciente, seja clínico ou cirúrgico, é de suma importância diferenciar o tipo de mastite e analisar diagnósticos diferenciais, como neoplasias. Assim, é necessário distinguir se o quadro clínico está relacionado à mastite granulomatosa/crônica ou infecciosa, ou mesmo a um câncer de mama, já que este último, assim como a mastite, causa inflamação da mama, com sinais flogísticos típicos, como dor, rubor e aparência eritematosa. Ademais, tanto as neoplasias mamárias quanto a mastite podem desencadear aumento dos linfonodos axilares, sendo, portanto, o câncer um diagnóstico diferencial importante para tal condição². Cabe destacar que os distúrbios de desenvolvimento mamário na adolescência, como hipertrofia mamária, assimetria e mama tuberosa, podem estar envolvidos com o maior surgimento de inflamação e infecção mamária6. Sob essa ótica, o tratamento tende a ser de difícil manejo dado à complexidade da etiologia da doença e ao alto risco de recidiva dessa condição. Nessa perspectiva, a excisão da lesão, associada à reconstrução de mama tem se mostrado uma estratégia promissora no que tange ao tratamento e à diminuição de recorrência da doença³. Desse modo, a técnica cirúrgica a ser escolhida deve levar em consideração o risco de recidiva e os riscos de complicações, visando o melhor desfecho clínico para a paciente5.
Objetivo
Analisar a intervenção cirúrgica pela cirurgia plástica como um tratamento eficaz nos casos de mastite de repetição, visando lançar mão das diversas técnicas de mamoplastias redutoras descritas na literatura para reduzir e ressecar tecido mamário inflamado cronicamente.
Método
Relato de caso de uma paciente de 38 anos com quadro de mastite de repetição com necessidade de múltiplas internações hospitalares pela mastologia para drenagem local e terapia antibiótica venosa que apresentava hipertrofia mamária importante desde adolescência com volume mamário significativamente maior a esquerda. Foi submetida a Mamoplastia redutora (Figura 1,2) com marcações pela técnica de Pitanguy, seguido por manobra de Schwartzmann, sendo removido o excesso de tecido mamário, gordura e pele, totalizando 482,5 gramas a direita e 913,5 gramas a esquerda. Posteriormente, realizado retalho de pedículo superior habitual com ascensão do complexos areólo-papilar bilateralmente , seguido pelo fechamento das incisões, culminando, por fim, na redefinição da forma dos seios visando melhora estética e funcional. Material foi devidamente encaminhado para histopatológico sem evidências de alterações. A mesma foi acompanhada no pós operatório, sendo o primeiro retorno com 10 dias (figura 3). Posteriormente houve retorno com 15 dias de pós-operatório, apresentando deiscência na mama esquerda (Figura 4), em seguida no trigésimo primeiro dia pós-operatório, sendo constatado o fechamento em segunda intenção da ferida, bem como melhora no aspecto da cicatrização. No quinquagésimo oitavo dia pós-operatório, a paciente foi avaliada novamente com melhora importante da cicatrização e com bom aspecto das mamas. Após redução do volume mamário e ressecção de tecidos cronicamente inflamados paciente não voltou a apresentar casos de mastite, seguindo acompanhamento também com mastologista assistente.
Resultado
Após a cirurgia houve redução da inflamação crônica das mamas, com alívio imediato da dor, rubor e diminuição das infecções secundárias de característica purulentas. Além disso, houve melhora estética significativa de ambas as mamas, devido ao reposicionamento adequado destas, minimizando o aspecto de mamas com ptose e melhor simetrização das mesmas. Paciente relatou satisfação importante, além de melhora psicológica e funcional no pós operatório conseguindo retornas atividades básicas do dia a dia por melhora funcional das mamas, não apresentando mais quadros álgicos e ou escapes de secreções nas atividades básicas do dia a dia.
Discussão
A mastite é uma doença que tem como maior prevalência a causa idiopática¹, e o tratamento nos casos de repetição ainda é pouco definido, mas a cirurgia de mamoplastia redutora surge como um fator salutar no manejo dessa condição. São diversas técnicas que podem ser consideradas no que se refere ao controle dessa doença, como incisão de pele de redução vertical e excisão do tecido infectado, como operação de Hadfield, que consiste em três incisões diferentes, como a incisão radial combinada com periareolar, incisão periareolar e incisão de bloco redondo4, além da técnica de mamoplastia clássica, comumente realizada nas cirurgias de redução ou reposicionamento das mamas. No entanto, a técnica a ser escolhida deve levar em consideração as peculiaridades da paciente, como comorbidades, haja vista que condições como o diabetes podem influenciar no processo de cicatrização, devido ao seu estado pró inflamatório intermitente, além de ser considerada a idade da paciente e as próprias preferências no que tange às preocupações estéticas. Aliado a isso, devem ser avaliados os riscos e efeitos associados à intervenção cirúrgica, como infecção, alterações de sensibilidade que podem ser temporárias ou definitivas ao redor da cirurgia. Portanto, o especialista deve considerar o método que traz não só benefícios estéticos para a paciente, mas também menor risco de recidiva da doença, garantindo, assim, melhor qualidade de vida e bem-estar.
Conclusão
Conclui-se que a intervenção cirúrgica é uma forma eficaz de manejo de mastite de repetição, sendo que as inúmeras técnicas devem ser consideradas de acordo com a individualidade de cada caso, não havendo estudos que comprovem a superioridade de uma técnica cirúrgica em relação à outra. Cabe, assim, destacar a redução de mama com incisão em T invertido como uma técnica eficiente no que tange à redução de mastite de repetição e suas complicações, além de ser uma técnica que propicia um desfecho estético satisfatório para a paciente, uma vez que permite o reposicionamento mamário.
Referências
1- Zhang C., et al. Clinical study on surgical treatment of granulomatous lobular mastitis. Gland Surg. 2019. 8(6): 712-722.
2- Xu H., et al. Treatments for Periductal Mastitis: Systematic Review and Meta-Analysis. Breast Care. 2022. 17(1): 55-62.
3- Dokcu S., Basceken IS. Plastic and reconstructive breast surgery techniques in the surgical treatment of idiopathic granulomatous mastitis: a single-center experience. Ann Surg Treat Res. 2022.103(5): 253-263
4- Dalci K., et al. Modified techniques versus Hadfiel’s procedure in patients with periductal mastitis. BMC Surg. 2022. 5;22(1):40
5- Soltany A., et al. Clinicopathological features of idiopathic granulomatous mastitis: A retrospective study e educational lessons from Syria. Ann Med Surg Lond. 2022. 5:77:103587.
6- Mareti E., et al. Breast Disorders in Adolescence: A Review of the Literature. Breast Care.2021. 16(2): 149-155
Palavras Chave
MASTITE; mamoplastia redutora; CIRURGIA PLÁSTICA REPARADORA
Arquivos
Área
Cirurgia Plástica
Categoria
Cirurgia Plástica
Instituições
HOSPITAL E MATERNIDADE THEREZINHA DE JESUS - HMTJ - Minas Gerais - Brasil
Autores
MARIANA DA CRUZ CAMPOS, JADE BORBOREMA SALIM, DALMARA SIMPLICIO DE OLIVEIRA , MARCELO TORRES DE SOUZA, ISA MARIA DE CAMARGO SILVA, ROMEU FERREIRA DARODA