Dados do Trabalho
Título
NEOUMBIGO NA ABDOMINOPLASTIA EM ANCORA
Resumo
Introdução: Nas últimas duas décadas, o número de pacientes com perda de peso maciça pós-cirurgia bariátrica aumentou significativamente, apresentando deformidades desafiadoras que exigem técnicas avançadas para melhores resultados. A reconstrução da cicatriz umbilical na abdominoplastia em âncora deve ser cuidadosamente tratada para garantir bons resultados estéticos.
Objetivo: Descrever a técnica cirúrgica de reconstrução do umbigo na abdominoplastia em âncora utilizada no Hospital Felício Rocho em Belo Horizonte, MG.
Método: Entre março de 2023 e maio de 2024, 82 pacientes submetidos a gastroplastia videolaparoscópica foram operados com a técnica de abdominoplastia em âncora no Hospital Felício Rocho. A cicatriz umbilical foi ressecada com a peça cirúrgica e descartada. A reconstrução foi realizada com dois retalhos retangulares paralelos suturados e fixados na aponeurose da parede abdominal, formando a base, anel e rodete.
Resultado: A técnica de reconstrução do umbigo apresentou resultados harmônicos ao abdome, sem casos de necrose do retalho ou complicações como estenose umbilical ou queloide. Em pacientes mais magros, observou-se uma cicatriz umbilical plana na posição de decúbito ventral, mantendo profundidade em ortostatismo.
Discussão: A técnica descrita por Donnabella A. modifica a proposta por Franco et al., utilizando dois retalhos retangulares fixados na aponeurose, formando uma base com ângulos curvilíneos. A marcação do neoumbigo é realizada no pré-operatório, ajustando a altura e profundidade para obter um resultado harmônico e natural.
Conclusão: A técnica de reconstrução da cicatriz umbilical apresentada é simples, respeita as unidades anatômicas e proporciona um resultado natural, sem cicatriz circular estigmatizante e com risco mínimo de estenose.
Introdução
Nas últimas duas décadas, houve um aumento significativo de pacientes com perda de peso maciça pós-cirurgia bariátrica, apresentando deformidades desafiadoras que exigem técnicas avançadas para melhores resultados.1
A reconstrução da cicatriz umbilical na abdominoplastia em âncora é uma etapa cirúrgica crucial, conferindo uma aparência estética mais natural ao abdome e evitando cicatrizes estigmatizantes. 2
No século XIX, o umbigo não era valorizado nas técnicas de abdominoplastia e era removido junto com o retalho. Somente no século XX, sua importância foi reconhecida, iniciando a preservação da cicatriz umbilical.3,4
No século XIX, o umbigo não era valorizado nas técnicas de abdominoplastia e era removido junto com o retalho. Somente no século XX, sua importância foi reconhecida, iniciando a preservação da cicatriz umbilical . O umbigo é considerado a "assinatura do cirurgião" e deve ser tratado com atenção para garantir resultados estéticos favoráveis. Seus marcos anatômicos incluem a base com o mamelão (uma porção da pele intimamente em contato com a aponeurose), o anel umbilical (parede circular da pele entre a base profunda e o tecido abdominal superficial) e o rodete (aspecto arredondado externo). A maioria dos indivíduos apresenta diferentes formatos umbilicais, mas todos são considerados normais, desde que esses pontos de referência estejam bem definidos. 2,5
Objetivo
Apresentar detalhadamente a técnica cirúrgica de reconstrução do umbigo na abdominoplastia em âncora utilizada no Hospital Felício Rocho em Belo Horizonte, MG, conforme descrito por Donnabella A.²
Método
De março de 2023 a maio de 2024, 82 pacientes submetidos a gastroplastia videolaparoscópica foram operados com a técnica de abdominoplastia em âncora no Hospital Felício Rocho, Belo Horizonte, MG. Em todos os casos, a cicatriz umbilical foi ressecada junto com a peça cirúrgica e descartada. A reconstrução foi feita com dois retalhos retangulares paralelos suturados entre si e fixados na aponeurose da parede abdominal na linha mediana.
Os retalhos foram marcados no pré-operatório com o paciente em ortostatismo, já com a marcação da âncora. Traciona-se a pele e o retalho umbilical é marcado com seu ponto inferior a dez centímetros acima da ponta do retalho vertical. Esses retalhos têm uma base vertical de aproximadamente 3 centímetros e 2 centímetros de altura, com vértices curvilíneos.
A fixação dos retalhos é feita com dois pontos de Vicryl 2.0 (poliglactina), invertidos e paralelos, passando nos retalhos bilateralmente a aproximadamente um centímetro da margem medial do retalho, tangenciando a derme superficialmente e saindo antes da margem dérmica medial, fixados na linha mediana. A união dos retalhos forma a base, composta pelo mamelão e pelo anel umbilical. Os dois pontos devem equidistar-se.
Em seguida, aproxima-se o subcutâneo superior e inferior ao retalho com pontos de Vicryl 1 para dar profundidade ao neoumbigo, incluindo o máximo de tecido gorduroso possível sem apertar excessivamente para evitar sofrimento tecidual. Finalmente, são feitos pontos subdérmicos com Vicryl 3.0, superior e inferior, formando o rodete. Não é necessário ponto intradérmico entre os retalhos.
Resultado
A técnica de reconstrução de umbigo apresentada é simples e facilmente reprodutível, respeitando todas as unidades anatômicas e conferindo um aspecto harmônico ao abdome. Em pacientes mais magros, observou-se uma cicatriz umbilical plana na posição de decúbito ventral, mantendo a profundidade em ortostatismo. Não houve casos de necrose do retalho nem complicações como estenose umbilical ou queloide.
Discussão
No século XIX, a remoção da cicatriz umbilical junto com o retalho abdominal era comum. Em 1909, Weinhold foi o primeiro a manter o umbigo nas dermolipectomias abdominais. Em 1924, Frist realizou a primeira transposição de umbigo. Desde então, muitas formas geométricas foram apresentadas para obter uma cicatriz próxima ao natural, incluindo formas arredondadas, ovaladas, em gota, triangulares e losangulares.6
Este artigo descreve a técnica modificada por Donnabella A², anteriormente apresentada por Franco et al 7, utilizando dois retalhos retangulares fixados na aponeurose, formando uma base com ângulos curvilíneos. A passagem dos pontos pela derme dos retalhos proporciona o mamelão na base e o anel umbilical. A aproximação do tecido gorduroso superior e inferior aos retalhos dá a profundidade adequada ao neoumbigo, evitando sofrimento tecidual e liponecrose. Os pontos subdérmicos nos vértices superior e inferior da base do retalho conferem ao neoumbigo um formato arredondado, reconstruindo o rodete.
A marcação do neoumbigo é realizada no pré-operatório e a incisão da pele do retalho nas dimensões propostas é feita no primeiro ato da cirurgia. Em caso de dúvida sobre a altura final do neoumbigo, pode-se usar a técnica de Silva & Oliveira 8, que permite ajustar o tamanho do retalho posteriormente. Os vértices arredondados nas bases dos retalhos dão o formato arredondado, e a base bem formada evita que o umbigo se feche em formato de fuso.
Após definir a altura, o próximo desafio é dar profundidade adequada. Pacientes com mais tecido adiposo apresentam um neoumbigo mais profundo, enquanto em pacientes com menos tecido adiposo, tenta-se incluir a maior quantidade de tecido possível na porção superior e inferior dos retalhos para dar relevo e profundidade à base do neoumbigo.
Ao final do procedimento, a cicatriz umbilical fica arredondada, com profundidade e conferindo harmonia ao abdome, sem cicatriz circular estigmatizante ou estenosante.
Conclusão
A reconstrução da cicatriz umbilical é um desafio para o cirurgião plástico, visando um resultado natural e mantendo todas as unidades anatômicas. A técnica apresentada é simples, respeita as unidades anatômicas e proporciona uma maior naturalidade ao não apresentar uma cicatriz circular estigmatizante e com risco de estenose. Diversas técnicas e formatos foram desenvolvidos para manter a aparência semelhante ao umbigo natural, elevando a aceitação dos pacientes. A técnica descrita respeita as unidades anatômicas e oferece uma maior naturalidade sem cicatriz estigmatizante e com risco mínimo de estenose.
Referências
1. Mendes FH, Donnabella A, Fagotti Moreira AR. Fleur-de-lis Abdominoplasty and Neo-umbilicus. Clin Plast Surg. 2019 Jan;46(1):49-60. doi: 10.1016/j.cps.2018.08.007. PMID: 30447828.
2. Donnabella, A.. (2013). Reconstrução anatômica da cicatriz umbilical. Revista Brasileira De Cirurgia Plástica, 28(1), 119–123. https://doi.org/10.1590/S1983-51752013000100020
3. Regnautl P. The history of abdominal dermolipectomy. Aesthetic Plast Surg. 1978;2(1):113-23. DOI: http://dx.doi.org/10.1007/ BF01577945
4. Bozola AR, Bozola AC. Abdominoplastia. In: Mélega JM, Baroud R, eds. Cirurgia Plástica Fundamentos e Arte: Cirurgia Estética. Rio de Janeiro: Medsi; 2003. p. 609-23
5. Mendes, F. H., Viterbo, F., & Luna, A. L. A. P. (2018). Inner Scar Umbilicus. Plastic and Reconstructive Surgery, 141(4), 507e–516e.
6. GUIMARÃES VHM, GUIMARÃES VA, GONÇALVES FA, CARVALHO PCC. Onfaloplastia: técnica Y/V. Rev. Bras. Cir. Plást.2018;33(3):355-363.
7. Franco D, Medeiros J, Farias C, Franco T. Umbilical reconstruction for pacients with a midline scar. Aesthetic Plast Surg. 2006;30(5):595-8.
8. Silva FN, Oliveira EA. Neo-onfaloplastia na abdominoplastia vertical. Rev Bras Cir Plást. 2010;25(2):330-6.
Palavras Chave
Abdominoplastia em âncora; Neoumbigo; Reconstrução de umbigo
Arquivos
Área
Cirurgia Plástica
Categoria
Cirurgia Plástica
Instituições
HOSPITAL FELÍCIO ROCHO - Minas Gerais - Brasil
Autores
ANA EM?LIA ALMEIDA CHAVES, ALFREDO DONNABELLA, VELSA CORREIA DA SILVA REIS, LUCAS MARCIO CARVALHO PEREIRA, NATALIA DINIZ CUNHA, FELIPE ROMANO GONÇALVES CARVALHO