60º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica

Dados do Trabalho


Título

RECONSTRUÇAO DE MAMA COM RETALHO MIOCUTANEO TRANSVERSO DE MUSCULO RETO ABDOMINAL: RELATO DE CASO

Resumo

O estudo descreve um caso clínico acompanhado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, onde uma paciente de 62 anos foi submetida à intervenção cirúrgica para a reconstrução de mama com retalho miocutâneo transverso de músculo reto abdominal (TRAM). A paciente expressou grande satisfação com os resultados, destacando melhorias significativas na qualidade de vida após a cirurgia. A reconstrução mamária é um procedimento importante para pacientes que passaram por mastectomia devido ao câncer de mama. O retalho miocutâneo transverso do músculo reto abdominal (TRAM) é uma técnica popular e eficaz para reconstrução mamária. O relato de caso destaca a eficácia da reconstrução de mama após mastectomia radical com uso do retalho do tipo TRAM.

Introdução

A mastectomia, frequentemente realizada como parte do tratamento do câncer de mama, pode ter um impacto significativo na autoestima e na qualidade de vida das pacientes. A reconstrução mamária visa restaurar a simetria corporal e melhorar o bem-estar psicológico das pacientes. O retalho miocutâneo transverso do músculo reto abdominal (TRAM) é uma técnica que utiliza tecidos autólogos, oferecendo resultados estéticos superiores. Este trabalho explora em detalhes a técnica TRAM, seus benefícios, complicações e avanços recentes.
Diante disso, o presente estudo delimitou-se em um relato de caso em acompanhamento ambulatorial no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. A paciente foi submetida a uma intervenção cirúrgica para a reconstrução de mama tardia com retalho miocutâneo transverso de músculo reto abdominal.

Objetivo

Relatar e expor a reconstrução de mama tardia com retalho miocutâneo transverso de músculo reto abdominal

Método

Paciente do sexo feminino, de 62 anos de idade e natural de Goiânia-Go, com diagnóstico de CA de mama CDI luminal A, grau 1. Foi encaminhada ao ambulatório de Cirurgia Plástica do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás pela equipe da mastologia para reconstrução tardia de mama após mastectomia radical e linfadenectomia à esquerda realizada em 2013, associada a radioterapia adjuvante.
No dia 05 de maio de 2022 a paciente foi admitida para realização da reconstrução de mama com retalho TRAM. Antes da cirurgia, foi realizada uma avaliação abrangente da paciente, incluindo anamnese completa, avaliação do tecido abdominal disponível e análise das condições de saúde que pudessem impactar o procedimento. Marcas pré-operatórias foram realizadas com a paciente em posição ortostática para delinear o retalho abdominal e a nova mama.

Resultado

Com a paciente sob anestesia geral, foi realizada uma incisão transversal baixa no abdômen, similar à incisão utilizada em uma abdominoplastia, estendendo-se de uma espinha ilíaca ântero-superior à outra. A incisão foi planejada para incluir uma quantidade adequada de pele e tecido adiposo para a reconstrução mamária. O retalho miocutâneo foi cuidadosamente dissecado, mantendo a artéria epigástrica inferior superficial intacta. Durante essa fase, foi crucial preservar o suprimento sanguíneo para garantir a viabilidade do retalho. O retalho incluiu pele, tecido adiposo e uma porção do músculo reto abdominal.
O retalho foi então transposto através de um túnel subcutâneo criado sob a pele do abdômen superior até a área torácica esquerda. Na técnica pediculada, o retalho permaneceu conectado ao seu suprimento sanguíneo original. Uma vez transposto, o retalho foi moldado para criar a nova mama. O tecido foi ajustado para obter o contorno e a simetria desejados em comparação com a mama contralateral. A fixação do retalho foi realizada com suturas absorvíveis para manter a nova forma da mama.
Após a modelagem da nova mama, a incisão no abdômen foi fechada com reparação da parede abdominal para evitar fraqueza ou hérnia. Um dreno foi colocado na área torácica e outro no abdômen. No período pós-operatório, a paciente foi monitorada de perto para garantir a viabilidade do retalho e identificar precocemente qualquer complicação, como necrose ou infecção.
A recuperação completa poderia levar várias semanas, e ela foi instruída sobre cuidados com as incisões, uso de vestimenta compressiva abdominal e restrições de atividades para promover a cicatrização. Seguimentos regulares foram agendados para avaliar a cicatrização e o resultado estético da reconstrução. A paciente foi acompanhada para garantir a detecção precoce de complicações e para ajustar o plano de cuidados conforme necessário.

Discussão

A técnica de reconstrução mamária utilizando o retalho miocutâneo transverso do músculo reto abdominal (TRAM) envolve a transposição de pele, gordura e músculo do abdômen para a área da mama. Esta técnica pode ser realizada de duas formas principais: pediculada e livre. Na técnica pediculada, o retalho mantém sua conexão com a artéria epigástrica superior, fornecendo um suprimento sanguíneo contínuo. Já na técnica livre, o retalho é completamente separado do abdômen e então reconectado aos vasos sanguíneos na região do peito por meio de microcirurgia. A escolha entre as duas técnicas depende de fatores como a condição vascular do paciente e a experiência do cirurgião.
A seleção adequada das pacientes é fundamental para o sucesso da reconstrução mamária com TRAM. As pacientes ideais são aquelas que possuem tecido abdominal suficiente e estão em boas condições de saúde geral. Fatores como histórico de tabagismo, diabetes e obesidade devem ser cuidadosamente avaliados, pois podem aumentar o risco de complicações, incluindo problemas de cicatrização e infecção. A avaliação pré-operatória detalhada permite a identificação de riscos e a personalização do planejamento cirúrgico.
Os benefícios da técnica TRAM são notáveis. Por utilizar tecido autólogo, os resultados estéticos são mais naturais e há menor risco de rejeição. As pacientes frequentemente relatam uma melhora significativa na autoestima e na qualidade de vida após a reconstrução. Além disso, a cirurgia também proporciona uma abdominoplastia, resultando em um abdômen mais plano e esteticamente agradável, o que pode ser um benefício adicional para as pacientes.
No entanto, o procedimento TRAM não está isento de complicações. Complicações potenciais incluem necrose do retalho, hérnias, fraqueza abdominal, infecção e problemas de cicatrização. A necrose do retalho, em particular, pode ocorrer devido à insuficiência do suprimento sanguíneo, especialmente em retalhos pediculados. Hérnias e fraqueza abdominal podem resultar da remoção de músculo reto abdominal, afetando a integridade da parede abdominal. A técnica cirúrgica precisa e a seleção cuidadosa das pacientes são cruciais para minimizar esses riscos e garantir um desfecho positivo.
Avanços recentes na área da microcirurgia e na gestão perioperatória têm melhorado significativamente os resultados da técnica TRAM. Técnicas modernas, como o uso de retalhos perfurantes, permitem a preservação de mais tecido muscular e reduzem as complicações associadas. Além disso, melhorias na monitorização pós-operatória, incluindo o uso de tecnologias de imagem para avaliar o fluxo sanguíneo do retalho, têm contribuído para uma melhor detecção precoce de complicações e intervenções oportunas.
Em suma, a reconstrução mamária com retalho miocutâneo transverso do músculo reto abdominal (TRAM) continua a ser uma opção viável e eficaz para muitas pacientes após a mastectomia. Os avanços tecnológicos e cirúrgicos têm continuamente aprimorado os resultados, reduzindo os riscos e melhorando a satisfação das pacientes. No entanto, é essencial uma abordagem multidisciplinar para selecionar adequadamente as pacientes, planejar a cirurgia de forma personalizada e manejar as complicações potenciais, garantindo, assim, os melhores resultados possíveis.

Conclusão

A reconstrução mamária com retalho miocutâneo transverso do músculo reto abdominal (TRAM) é uma opção viável e eficaz para muitas pacientes após a mastectomia. Oferece resultados estéticos naturais e uma melhora significativa na qualidade de vida. No entanto, é essencial uma abordagem multidisciplinar para selecionar as pacientes adequadas e manejar as possíveis complicações. Os avanços tecnológicos e cirúrgicos continuam a aprimorar os resultados e reduzir os riscos associados a esta técnica.

Referências

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Neligan, P. C., et al. (2016). "Principles and Practice of Pediatric Plastic Surgery." Elsevier, 2nd Edition.

Palavras Chave

Retalho miocutâneo transverso do reto-abdominal (TRAM); Reconstrução de mama

Arquivos

Área

Cirurgia Plástica

Categoria

Cirurgia Plástica

Instituições

HC UFG - Goiás - Brasil

Autores

THAYNNE HAYSSA FRAN?A BARBOSA, DOUGLAS MATHEUS CORREIA SILVEIRA, JOAO VITOR FALCHETTI, MARCELO PRADO, PAULO RENATO SIMMONS DE PAULA