60º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica

Dados do Trabalho


Título

RETALHO PERFURANTE DA ARTERIA METACARPICA DORSAL NA RECONSTRUÇAO DE DEFEITO POR HIDRADENOMA ATINGINDO A ARTICULAÇAO INTERFALANGEANA DISTAL DO 5º QUIRODACTILO – RELATO DE CASO

Resumo

INTRODUÇÃO: A perda de substância das superfícies dorsal e volar das mãos é comum na cirurgia reconstrutiva de mãos, podendo ser originada de trauma, ressecção de tumores de pele, partes moles ou ósseos. Acarreta exposição de ossos, articulações, tendões e estruturas neurovasculares. O tipo de tumor mais encontrado em falanges é o encondroma, sendo que cerca de 69% desses tumores são encontrados principalmente nas falanges proximal e média, podendo ser localizados também no metacarpo. OBJETIVO: Demonstrar, por meio de um relato de caso, a excelência da cobertura de defeito em falange distal com retalho perfurante da artéria metacárpica dorsal. MÉTODO: Trata-se de um estudo descritivo em forma de relato de caso, abordando a escolha da técnica cirúrgica para reconstrução de um defeito em 5º quirodáctilo direito. RESULTADO: Contrariamente ao que é descrito na literatura, o retalho perfurante da artéria metacárpica dorsal é uma opção para reconstrução e cobertura de lesões de falanges distais dos quirodáctilos, como demonstrado em nosso caso clínico. DISCUSSÃO: O hidradenoma é uma neoplasia anexial cutânea benigna rara, de etiologia esporádica, que tem sua origem em glândulas sudoríparas écrinas ou apócinas, a depender do componente histológico encontrado. É mais frequentemente encontrado em topografia da cabeça (30%), membros superiores (25%) e tronco (20%). O tipo écrino mais comum, sendo encontrado em palma das mãos, plantas dos pés e axilas. Geralmente tem crescimento lento, caracterizando-se por uma lesão solitária, móvel e indolor. Cerca de 6,7% sofrem transformação maligna, e o tratamento é a excisão cirúrgica completa.
As vantagens do retalho perfurante da artéria metacarpiana dorsal consistem na reconstrução primária, sendo possível o fechamento primário da área doadora, diminuindo, desta maneira, a morbidade para área doadora. Além disso, podemos ter como resultados uma mobilização precoce do membro do paciente, possibilitando menor dias de hospitalização e retorno rápido às atividades diárias do paciente. CONCLUSÃO: O retalho perfurante da artéria metacárpica dorsal é uma ótima proposta cirúrgica para cobertura de lesões em falanges distais, com boa vascularização, aspecto estético e, principalmente, retorno à funcionalidade do membro.

Introdução

A perda de substância das superfícies dorsal e volar das mãos é comum na cirurgia reconstrutiva de mãos, podendo ser originada de trauma, ressecção de tumores de pele, partes moles ou ósseos. Acarreta exposição de ossos, articulações, tendões e estruturas neurovasculares. Aproximadamente 95% dos tumores de mão que não são classificados como tumores de pele são benignos. Já a neoplasia de pele é o tumor primário mais encontrado na mão, perfazendo 10-15% de todos os tumores de pele de todo o corpo. O diagnóstico é realizado através de biópsia excisional com realização de anatomopatológico. Os tumores da mão compreendem, ainda, 15% do total dos tumores de partes moles e 6% dos tumores ósseos do corpo. O cisto sinovial é a lesão mais comumente encontrada (70%), seguido por tumores de células gigantes e cistos de inclusão epidérmica.
O tipo de tumor mais encontrado em falanges é o encondroma, sendo que cerca de 69% desses tumores são encontrados principalmente nas falanges proximal e média, podendo ser localizados também no metacarpo.

Objetivo

Demonstrar, por meio de um relato de caso, a excelência da cobertura de defeito em falange distal com retalho perfurante da artéria metacárpica dorsal.

Método

Trata-se de um estudo descritivo em forma de relato de caso, abordando a escolha da técnica cirúrgica para reconstrução de um defeito em 5º quirodáctilo direito.

Resultado

Contrariamente ao que é descrito na literatura, o retalho perfurante da artéria metacárpica dorsal é uma opção para reconstrução e cobertura de lesões de falanges distais dos quirodáctilos, como demonstrado em nosso caso clínico.

Discussão

O hidradenoma é uma neoplasia anexial cutânea benigna rara, de etiologia esporádica, que tem sua origem em glândulas sudoríparas écrinas ou apócinas, a depender do componente histológico encontrado. É mais frequentemente encontrado em topografia da cabeça (30%), membros superiores (25%) e tronco (20%). O diagnóstico pode ser feito em qualquer idade, sendo mais comum em adultos de meia idade, cerca de 20 a 50 anos. Tem predominância em mulheres, com relação de 2:1. O tipo écrino mais comum, sendo encontrado em palma das mãos, plantas dos pés e axilas. Geralmente tem crescimento lento, caracterizando-se por uma lesão solitária, móvel e indolor. Cerca de 6,7% sofrem transformação maligna, e o tratamento é a excisão cirúrgica completa.
Em relação à cobertura da lesão, deve-se levar em consideração que a pele do dorso da mão provê uma cobertura fina e flexível, sendo a melhor opção para o reparo deste defeito. Os retalhos avaliados para reconstrução dessa região anatômica são retalhos de rotação/transposição, cross finger ou retalho em ilha. A estrutura vascular desse retalho necessita de maior proeza técnica na dissecção.
As vantagens do retalho perfurante da artéria metacarpiana dorsal consistem na reconstrução primária, sendo possível o fechamento primário da área doadora, diminuindo, desta maneira, a morbidade para área doadora. Além disso, podemos ter como resultados uma mobilização precoce do membro do paciente, possibilitando menor dias de hospitalização e retorno rápido às atividades diárias do paciente. É procedimento cirúrgico único, dispensando outras cirurgias reparadoras para o mesmo fim, assim como também não precisa de refinamento do retalho, por já ser constituído por área de pele fina. Tais vantagens possibilitaram a redução da realização de retalhos cross finger, abdominais e groing flaps.
Tratando-se de complicações, a mais comum é a congestão venosa, que acontece em torno de 10,7% dos casos, seguida da insuficiência arterial (5,3%). O sucesso do retalho é em torno de 95%.

Conclusão

O retalho perfurante da artéria metacárpica dorsal é uma ótima proposta cirúrgica para cobertura de lesões em falanges distais, com boa vascularização, aspecto estético e, principalmente, retorno à funcionalidade do membro.

Referências

1) Valentini J.D., Aguiar D.F., Ferdinando M.P.L., Wagner M., Silva J.B. Tumores da mão parte I: tumores de partes moles da mão. Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 59 (3): 237-242, jul.-set. 2015.
2) Simon M.J.K., Pogoda P., Hövelborn F., Krause M., Zustin J., Amling M., Barvencik F. Incidence, histopathologic analysis and distribution of tumours of the hand. BMC Musculoskeletal Disorders 2014, 15:182.
3) Yousaf M.A., Abidin Z., Khalid F.A., Khalid K., Saleem M., Rabbani M.J., Mujahud A.M., Tarrar M.N. Quantification and Further Refinements of Dorsal Metacarpal Artery Perforator Flap for Reconstruction of Wounds of Fingers upto Distal Interphalangeal Joints. Journal of the College of Physicians and Surgeons Pakistan 2017, Vol. 27 (10): 631-634.
4) Vuppalapatia G., Oberlinb C., Balakrishnan G. ‘Distally based dorsal hand flaps’: clinical experience, cadaveric studies and an update. The British Association of Plastic Surgeons (2004) 57, 653–667.
5) Obaidat N.A., Alsaad K.O., Ghazarian D. Skin adnexal neoplasms—part 2: An approach to tumours of cutaneous sweat glands. J Clin Pathol 2007 60: 145-159.

Palavras Chave

artéria metacárpica dorsal; enxerto; lesão de mãos

Arquivos

Área

Cirurgia Plástica

Categoria

Cirurgia Plástica

Instituições

Hospital Geral de Fortaleza - Ceará - Brasil

Autores

LIZA MARIA SAMPAIO DE BRITO, JÉSSICA VICTOR DE LACERDA CABRAL, MARCUS VINICIUS PONTE DE SOUZA FILHO, EMERSON WESLEY DE FREITAS CORDEIRO, LEONARDO AUGUSTO DE CARVALHO SANTOS, CAMILA MARIA NASCIMENTO FIRME, CAMILA MARIA NASCIMENTO FIRME