Dados do Trabalho
Título
TRABALHO COLABORATIVO: RELATO DE IMPLEMENTAÇAO DE UM PROJETO EM ESCOLA DE EDUCAÇAO INFANTIL NA REDE PUBLICA DE ENSINO
Objetivos
O atual cenário das escolas de educação infantil, com o aumento da inclusão do público-alvo da educação especial, tem desafiado e exigido adequações e mudanças dos professores regulares que atuam com as crianças pequenas. Com base nisso, este relato versa sobre a implementação de um projeto piloto, que teve seu início em setembro do ano de dois mil e vinte três, em uma escola municipal, de bairro periférico, com quantidade significativa de crianças regularmente matriculadas apresentando transtornos do neurodesenvolvimento, em faixa etária entre quatro e cinco anos. Tal ação, compõe parte do atual plano de trabalho da gerência da educação especial de uma das maiores cidades da região do noroeste paulista, ao qual, atuo como professora de atendimento educacional especializado e colaborei desde sua estruturação, até atual implementação, buscando articular com a equipe docente da referida escola, um trabalho colaborativo, tendo como fundamentação, estratégias pedagógicas, orientações e eliminações de barreiras que favoreçam a inclusão das crianças neurodivergentes, de forma respeitosa no contexto escolar, desde a infância. Teve-se como objetivo identificar, auxiliar e contribuir com as demandas apresentadas pelas crianças e pelas professoras em busca da consolidação de um contexto inclusivo, no qual houvesse uma intervenção colaborativa por meio de uma professora especialista em educação especial e das professoras do ensino regular, em parceria.
Material e Método
Para tal implementação, dividiu-se o projeto em etapas, sendo a primeira realizada para levantamento do quantitativo de crianças com laudo e em investigação presentes no ambiente escolar, seguido de uma organização documental para elaboração dos planos de desenvolvimento individualizado para todas as sinalizadas, com atendimentos e orientações às famílias e na terceira etapa, a estruturação de um cronograma de horários para observação das especificidades das crianças dentro da rotina escolar para reflexões das possibilidades de propostas pedagógicas que assegurassem para todas, o direito a uma educação pública de qualidade. Todo esse percurso envolveu esforços desde a equipe gestora, até a equipe de profissionais terceirizados que compõem os indivíduos adultos que atuam com as crianças dentro da escola, bem como das famílias, porém, é válido ressaltar que mesmo tratando-se de uma abordagem colaborativa, a adesão se deu de forma voluntária e que há entraves que precisam ser superadas para além do que o projeto propõe, por serem de cunho pessoal. Como estratégias para eliminar as barreiras atitudinais, uma das mais presentes no cenário de atuação, foram realizadas as seguintes ações: roda de conversa sobre educação especial e educação inclusiva; orientações sobre conceitos de deficiência e transtornos comportamentais; HTPC formativo com equipe docente; discussões coletivas em momentos de planejamento; elaboração de materiais em parceria com as professoras regulares em sala de aula; reflexão, na presença de todas as professoras, sobre questões de atuação a partir de situações do próprio contexto escolar e atendimento individualizado com famílias e professoras, quando necessário.
Resultados
Os resultados obtidos, até o momento, são parciais, visto a complexidade do tipo de trabalho proposto para essa unidade escolar, que atende cerca de quinhentas crianças, e as dificuldades reais das professoras esbarra, também, no alto quantitativo de crianças por sala, nos desvios comportamentais em reflexo ao período pandêmico e na falta de formação para que possam ir aprimorando suas práticas ao refletirem sobre suas próprias ações com a turma. No entanto, a conexão com a professora especialista, a prática ofertada às crianças e as possibilidades de intervenção sugeridas em resolução aos problemas em tempo real mostrou-se eficiente e, consequentemente, foi e vem sendo bem avaliada pelas professoras regulares, gestores e famílias que aprovaram a perspectiva do trabalho colaborativo no ambiente escolar, no decorrer destes oito meses. Um outro aspecto importante que se refere à colaboração, é o quanto ela pode ser enriquecedora permitindo a troca de experiências e aprendizados mútuos, ao se propor uma desconstrução de que o papel do professor precisa se manter na centralidade do percurso formativo do seu aluno e não possa ser compartilhado com demais profissionais que o auxiliem a planejar e executar propostas pedagógicas mais assertivas.
Conclusões e implicações dos resultado
Por último, o enfoque dado ao trabalho colaborativo na presente escrita, não intenta defendê-lo como a solução para todas as dificuldades no processo de inclusão das crianças com transtornos do neurodesenvolvimento no contexto escolar, mas, indicá-lo como um dos caminhos possíveis para a promoção de uma escola para todos, sem mascarar que uma série de fatores afetam as condições de um contexto escolar realmente inclusivo e com professores que se envolvam em propostas colaborativas que beneficiem as crianças, principalmente por estarmos inseridos em uma sociedade oposta ao que propõe esse tipo de trabalho, por meio da propagação diária de condutas individualistas e excludentes.
Área
Neurodesenvolvimento e seus Transtornos
Categoria
Educador
Instituições
SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO - São Paulo - Brasil
Autores
ANA CAROLINA RAYMUNDO IGLÉSIAS