Aprender Criança 2024

Dados do Trabalho


Título

PROGRAMA DE INTERVENÇAO NEUROPSICOPEDAGOGICO MOTOR COMO PROMOTOR DO DESEMPENHO ACADEMICO DE ESCOLARES

Objetivos

Avaliar os efeitos de um programa de intervenção neuropsicopedagógico motor (PINM) no funcionamento cognitivo e no desempenho acadêmico de crianças com e sem dificuldades de aprendizagem (DA).

Material e Método

Participaram do presente estudo 11.156 crianças (5.912 sem DA e 5.244 com DA), com idades entre sete e dez (8,68) anos. O estudo em design experimental conduziu duas baterias de avaliações sendo: pré-intervenção (1ª avaliação - 1ªAV) e pós-intervenção (2ª avaliação - 2ª AV). Entre as avaliações foi aplicado um programa de intervenção motora neuropsicopedagógica (PINM) composto por 36 sessões de 15 minutos cada. As crianças participaram da pesquisa por aproximadamente seis meses, desde a introdução do estudo até a segunda avaliação. Após a 1ª AV, os participantes foram divididos aleatoriamente, por meio do software Konkuri© em grupos controle e experimental, garantindo uma distribuição uniforme de gênero e idade entre os grupos. A composição dos grupos foi a seguinte: GA1 – 2.956 crianças sem DA que não realizaram o PINM; GA2 – 2.956 escolares com DA que realizaram o PINM; GB1 – 2.622 estudantes com DA que não realizaram o PINM; GB2 – 2.622 crianças com DA que realizaram o programa. O PINM é composto por 24 atividades que usam cartões com formas geométricas e cores para codificação e decodificação de movimentos corporais, nas quais o desafio é combinar figuras coloridas com partes do corpo, exigindo que a criança observe e posicione a parte do corpo correspondente. Seu objetivo é promover o desenvolvimento motor associado as funções executivas e práticas de atenção, aplicado em sala de aula pelo professor, seguindo a metodologia "Coordenando-se". Para avaliar o funcionamento cognitivo e o desempenho acadêmico antes e depois do PINM, utilizamos: a) Escala de Rastreio para o Controle Inibitório de Crianças (ERCIC); b) Escala de Triagem Neuropsicopedagógica para Memória Operacional (ETNMO); c) Avaliação do Rendimento Acadêmico (AVRA). Os protocolos utilizados foram aprovados pelo comitê de ética da UFRJ (parecer nº 1.394.198).

Resultados

Na 1ª AV as crianças do GA1 apresentaram em relação aos aspectos do controle inibitório (ERCIC) um desempenho médio igual a 62,20 (10,41) pontos e as crianças do GA2 apresentaram um desempenho médio igual a 57,10 (12,78). Já na 2ª AV, o GA1 atingiu desempenho médio igual a 63,50 (10,37) pontos e o GA2 um desempenho médio igual a 75,40 (8,22). Nota-se um aumento de 32% (p<0,01) no GA2 após intervenção. Na comparação a partir da ANOVA, após o PINM, temos a diferença de 18% (F=9,25; p<001) entre os grupos GA2 e GA1, com significância estatística. Na avaliação acerca do controle inibitório, o GB1 de crianças com DA, inicialmente apresentoudesempenho médio igual a 53,60 (11,43) pontos, já os GB2 um desempenho igual a 51,10 (11,82 pontos). Na 2ª AV, o GB1 apresentou desempenho médio igual a 55,40 (11,22) pontos e o GB2 um aumento de 38% (M= 70,60 DP=10,17). A comparação entre os escores dos grupos sugere que o grupo GB2 apresentou um desempenho superior de 27%(F=6,19 ; p<0,01) em relação ao GB1. Na avaliação de memória operacional, o GA1 obteve na 1ª AV uma média de 66,40 (11,40) pontos e o GA2 um desempenho de 65,10(9,45) pontos. Na 2ª AV, o grupo GA1 alcançou média de 68,50 (11,39) pontos e o GA2 um desempenho médio de 81,30 (7,18) pontos na ETNMO. É possível perceber um aumento de 24%(p<0,01) no desempenho médio dos participantes do GA2 após serem submetidos ao PINM no que diz respeito às habilidades de memória operacional. Ao estabelecer uma comparação intergrupos através da ANOVA, a diferença de superioridade de 18%(F=12,54; p<0,01) das crianças do GA2 em relação às do GA1 mostrou ser significativa estatisticamente. Em relação às crianças com dificuldades de aprendizagem na 1ª AV, o GB1 obteve um desempenho médio igual a 57(15,07) pontos na ETNMO e o GB2 um desempenho médio igual a 49,10(14,11) pontos. Quando avaliados na 2ª AV, o GB1 apresentou desempenho médio de 58,14(15,31) pontos, já o GB2 um aumento de 52%(M=75,10; DP= 8,25) no desempenho médio na ETNMO após o PINM. Na comparação dos escores entre os grupos, o GB2 obteve desempenho superior de 30%(F=16,62; p<0,01) em relação ao GB1, com significância estatística na ANOVA. Na avaliação de desempenho acadêmico, o GA1 alcançou a média de 11,70 (2,13) acertos e o GA2 10,70 (2,45) acertos. Na 2ª AV, o GA1 atingiu a média de 13,28 (1,83) acertos e o GA2 um aumento de 29% no número de acertos (M=15,10; DP=1,75). Portanto, percebe-se que na 2ª AV o GA2 apresentou superioridade de 16% (F=13,76;p<0,01) comparado ao GA1. Quanto às crianças com dificuldades de aprendizagem na AVRA, o GB1 obteve em média 10,04 (1,94) acertos e o GB2 uma média de 9,60 (2,75). Na 2ª AV, o GB1 não apresentou alterações significativas nos acertos (M=11,12; DP=1,86), porém o GB2 obteve aumento de 45%(p<0,01) na média de acertos (M=14,05; DP=1,63). Em comparação intergrupos na 2ª AV, notou-se que, após intervenção, o GB2 apresentou superioridade média de 27% em acertos (F=14,47; p<0,01) na AVRA, quando comparado ao GB1.

Conclusões e implicações dos resultado

Conclui-se que os resultados evidenciam a eficácia da intervenção neuropsicopedagógica, através de atividades envolvendo corpo, movimento e cognição para aprimorar as funções executivas e habilidades acadêmicas, promovendo o desempenho escolar.

Área

Neurodesenvolvimento e seus Transtornos

Categoria

Educador

Instituições

Faculdade CENSUPEG - Santa Catarina - Brasil, IBCCF/UFRJ - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

FABRÍCIO BRUNO CARDOSO, LUCIANARA BRAGA, FILIPE MENEGUELLI BONONE, VITOR DA SILVA LOUREIRO, FRANCIELE GIOVANELLA MOSER, SAMUEL PEREIRA DE SOUZA, ALFRED SHOLL-FRANCO, RITA MARGARIDA TOLER RUSSO